O Natal de Jesus – Esperança para o Mundo

Escrito por D. Manuel Felício

A Esperança não engana, diz-nos o Papa Francisco na Bula com que convoca o Jubileu Ordinário de 2025.

Ora, essa Esperança que não engana está no Menino do Presépio de Belém, cujo Nascimento vamos, mais uma vez, celebrar na Festa do Natal.

E, na realidade, este foi um nascimento que confundiu e continua a confundir o Mundo. Não se esperava do Senhor do Universo um gesto de tanta humildade, pobreza e desprendimento. Para Ele não houve lugar dentro da cidade e, por isso, teve de ir nascer fora, nas periferias representadas no Campo dos Pastores, contentando-se com a pobreza da manjedoira e o aconchego dos animais. É certo que não lhe faltou o essencial do amor e da companhia de Sua Mãe e de S. José; o amor e o conforto de uma Família.

Mais uma vez, neste Natal, paramos, diante do Presépio, para tomarmos consciência das grandes mudanças e conversões que precisamos de realizar na nossa vida pessoal e comunitária, como da própria sociedade enquanto tal. Estamos a lembrar-nos do que nos pede o Sínodo sobre a sinodalidade, encerrado há pouco mais de um mês, o qual nos deixou recomendações muito concretas.

Uma delas é a conversão nas relações que devem existir entre todos os seres humanos. Precisamos de relações verdadeiramente fraternas, com a consciência de que constituímos a mesma Família Humana, presidida pelo Pai comum, o nosso Criador. Não podemos limitar-nos à coexistência pacífica ou, pior ainda, resignar-nos perante as guerras e os conflitos, que infelizmente continuam a atormentar-nos e em ritmo crescente, a ponto de termos de dar razão ao Papa, quando alerta para a tal “terceira guerra mundial aos pedaços”.

Por isso, neste Natal queremos fortalecer as nossas relações em Família, em sociedade, e ter uma atitude mais ativa e geradora de fraternidade sobretudo para com os mais necessitados. É de lembrar que, mesmo os benefícios do próximo Jubileu de 2025, nós os podemos conseguir, entre outras formas, também através da prática das obras de misericórdia para com os que mais precisam, como são os doentes e os idosos, os presos, os que vivem em solidão, os deficientes (recomendação do Decreto sobre a Indulgência Jubilar datado de 12.5.2024).

Diante do Presépio, impõe-se que façamos igualmente a revisão de todos os processos que regulam a nossa vida em sociedade. É preciso assumir a coragem da necessária prestação de contas, a nós e aos outros, sobre tudo o que fazemos para nosso bem e em favor do Bem Comum. A avaliação contínua tem de fazer parte da nossa prática habitual, a todos os níveis, começando por aqueles aos quais está confiada a primeira responsabilidade de velar pelo bem dos cidadãos e suas comunidades.

Há ainda uma outra revisão que o Presépio nos pede para fazermos; esta, sobre o equilíbrio e a coesão que precisam de ser reforçados no conjunto da sociedade.

Não se podem consentir modelos de desenvolvimento que, em vez de desfazerem as desigualdades gritantes, mais as aumentam, gerando desequilíbrios que não auguram nada de bom para o nosso futuro coletivo.

Precisamos de novos caminhos que resultem da mudança na gestão das ligações entre os diferentes serviços, comunidades e espaços geográficos da mesma Nação que nós somos.

Continua a preocupar-nos, no nosso país, o gritante déficit de esforço e de estratégias para conseguirmos o desejado equilíbrio na distribuição de pessoas e serviços pelo todo nacional.

A lição de solidariedade do Menino do Presépio pede a escolha de modelos de desenvolvimento que promovam a proximidade entre as pessoas, as comunidades e as regiões; caminhos esses que sejam definidos com a máxima participação de todos os cidadãos.

Santo Natal e Ano Novo cheio das bênçãos de Deus.

Sobre o autor

D. Manuel Felício

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