O médico de família responde: o que é a osteoporose?

Escrito por João Pedro Neto

“É uma doença menos conhecida e, por isso, deixada para segundo plano, em termos de prevenção. Torna-se assim fundamental que doentes e médicos estejam sensibilizados para esta patologia, de forma a que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento sejam adequados.”

A osteoporose é uma doença que se caracteriza pela deterioração progressiva do tecido ósseo, através da diminuição da sua densidade, aumentando a suscetibilidade para a ocorrência de fraturas. Pode surgir isoladamente; como consequência de outras patologias (distúrbios do metabolismo do cálcio e défice de vitamina D, por exemplo); ou associada a consumo de fármacos (corticosteroides; alguns diuréticos, entre outros).
O diagnóstico implica a avaliação da densidade óssea da coluna lombar e do colo do fémur, através de um método denominado osteodensitometria.
As mulheres são as mais afetadas, nomeadamente as que têm baixo peso e a partir dos 65 anos.
Em Portugal, estima-se que a prevalência será de 10%. No entanto, acima dos 65 anos, e apenas na população do sexo feminino, o valor atingirá os 50% (com 21% destas pessoas a apresentarem fraturas de fragilidade, ou seja, decorrentes de traumas pouco significativos).
São várias as estratégias a que podemos recorrer para prevenir a osteoporose:
manter uma alimentação saudável, através da ingestão de alimentos ricos em cálcio (por exemplo: leite, iogurte, queijo fresco), de carne, peixe ou ovos;
cessar o consumo de tabaco e de álcool;
praticar, pelo menos, 30 minutos de exercício aeróbico por dia;
abordar a necessidade de realizar suplementação de vitamina D, com o médico assistente;
discutir, com o mesmo, a indicação para a realização de uma osteodensitometria.
O tratamento foca-se na suplementação de cálcio e vitamina D e, em casos selecionados, na administração de bifosfonados, fármacos que diminuem a deterioração óssea.
Anualmente, a incidência de fraturas da anca será de 154 a 572 por cada 100 mil mulheres e de 77 a 232 por cada 100 mil homens, de acordo com dados divulgados pelo Serviço Nacional de Saúde. Milhares de doentes são admitidos, por ano, nas urgências por fraturas da anca. Estas fraturas são uma grande causa de morte na população idosa, mas também de morbilidade, pela grande perda funcional que acarretam.
Apesar das consequências na saúde da população e do peso económico destas, a osteoporose está subdiagnosticada e subtratada. É uma doença menos conhecida e, por isso, deixada para segundo plano, em termos de prevenção. Torna-se assim fundamental que doentes e médicos estejam sensibilizados para esta patologia, de forma a que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento sejam adequados.
A 20 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Osteoporose, uma data criada com o objetivo de consciencializar a população para a importância da prevenção de uma doença que é um dos grandes problemas de saúde pública mundial. Desta forma, importa que a osteoporose seja cada vez mais um tema central de conversa entre doentes e médicos e um foco de ação por parte de todos, tanto na prevenção, como no diagnóstico e tratamento.

* Especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Viseu

Sobre o autor

João Pedro Neto

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