O governo de António Costa, Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro é formalmente demitido amanhã, dia 7 de dezembro. Não caiu por causa de um parágrafo da Procuradora-Geral da República. Caiu de podre, por causa de uma sucessão feia e inaudita de casos que o foram minando e que o primeiro-ministro deixou de conseguir gerir. Foram oito anos de governação em condições irrepetíveis. Uma maioria absoluta, um Presidente da República que nunca levantou ondas e uma conjuntura internacional quase sempre favorável, com dinheiro barato e taxas de juro dos empréstimos do país próximas do zero. Lembro-me que Passos Coelho as apanhou a 11% e tinha de as suportar, pois não é daqueles relapsos que professa a tese de que as dividas não são para pagar!!!
Portugal tinha tudo para prosperar, crescer e ser mais competitivo. Foi o contrário. Até a Roménia, que há uns anos estava economicamente arrasada (lembro-me de lá ter ido em 1990 e ter visto uma senhora na rua com uma banca a vender apenas uma banana e uma vela para o motor de uma moto, tal era a miséria…) nos ultrapassou no nível de vida. A único feito que marca este reinado, é que se fez o que ninguém tinha feito antes por cá, uma geringonça, aquela coisa que inaugurou a triste possibilidade de pôr a mandar no país quem não ganhou eleições. Tudo o resto, ou quase tudo, é o que os dados científicos mostram. Na Saúde, aumentou brutalmente o número de portugueses sem médico de família e o serviço nacional está a um passo de colapsar. Consequência disso, em 2022 morreram mais 15.000 portugueses e este ano ainda poderá ser pior.
Na educação, milhares de alunos não têm professores e milhares de professores não têm motivação nenhuma, tudo indicando que o cenário vai piorar, porque quem lidera não foi capaz de valorizar a profissão. Na habitação, não se construíram casas a custos controlados, não se criou oferta para arrendamento e muitos portugueses não conseguem pagar os seus empréstimos, proliferando imigrantes e estudantes nas principais cidades a viver em condições desumanas. Nos serviços públicos, reina a agonia. Desinvestiu-se como não há memória e não há tribunal, conservatória de registos, serviço de finanças, de segurança social ou hospital, que funcione bem ou como dantes.
Todos têm falta de pessoal, embora nunca o Estado tenha tido tantos funcionários públicos como agora (este governo aumentou-os em cerca de 150 mil…), mas em vez de estarem a somar, foram contratados apenas para compensar e substituir todos os outros a quem foi reduzido o horário semanal de trabalho das 40 para as 35 horas. Nas forças de segurança e nas forças armadas, o pessoal menos graduado está a ganhar “mal e porcamente” e não se viu uma única medida para tornar mais atrativas estas funções. Não há aeroporto, não há ferrovia competitiva (a não conclusão da linha da Beira Alta é um atentado), não se fizeram estradas estruturantes, como o IP3, que devia fazer corar de vergonha estes governantes, ou até o IC7 (Tábua-Celorico da Beira), que o ex-Presidente da Câmara de Oliveira do Hospital prometeu “cortar” se não houvesse garantia da sua conclusão, mas deixou cair esse “agarrem-me senão mato-o” logo que foi eleito deputado no PS na AR, momento a partir do qual não mais se ouviu.
O que se ouve e sente é o aumento da carga fiscal para níveis nunca vistos, com um saque permanente à classe média, que ganha pouco mais que mil euros e que tem de pagar tudo o que outros que podiam trabalhar e não trabalham vão recebendo com o que o Governo espolia aqueles que lutam de sol a sol para sobreviver. As empresas vivem esmagadas com taxas, taxinhas, impostos e burocracias, mas o PS, em vez de canalizar para elas a maioria dos fundos do PRR para as apoiar e assim criar emprego mais bem pago, preferiu usar esse dinheiro para servir o Estado e as clientelas que repousam no seu regaço. É isto, mais coisa menos coisa, que este Governo nos deixa e que só se vai agravar se tudo ficar na mesma. Mudar, e mudar para quem consegue governar e fazer diferente é, pois, a palavra-chave. Protestar ou dar apenas um murro na mesa não adianta nada.
* Advogado e presidente da Assembleia Distrital do PSD da Guarda