O fulaninho

No passado domingo um jogador de futebol decidiu sair do campo por ter sido alvo de insultos racistas. O grupo de energúmenos que os produziu não tem cara, nem lhe sabemos a cor, pelo menos para já… Mas não, não foi um jogador de futebol, foi o Homem (assim, com H maiúsculo). Um homem de carne e osso como todos os homens. Apenas com mais pigmento na pele que outros homens, de outras latitudes.

De cabo a rabo deste cantinho, os órgãos de comunicação social acotovelaram-se para ver qual o que mais opiniões recolhia sobre o assunto. Desde Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa, passando por inúmeros telespetadores, foi um fartar vilanagem de opiniões. Até ao fulaninho foi permitido bolsar um chorrilho de asneiras. Como aquela de querer (populista e demagógico como és) meter no mesmo saco o desrespeito que os principais responsáveis deste país têm mostrado perante casos de agressões a médicos, enfermeiros, professores, (raios, aqui tenho de concordar, por uma vez, contigo…) com os comportamentos racistas observados.
Eu sou professor, fulaninho. E tenho pena que os meus colegas que foram teus docentes não tenham tido a capacidade de te meter na cabeça (quem sabe se por ser demasiado dura,,,) que um homem é um homem seja qual for a cor da sua pele.

Se bem repararam, no que até aqui está escrito (nem no título) o nome do fulaninho é referido. Nem o será!… Isto seguindo o exemplo que há tempos nos chegou dos antípodas através da primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, que se negou a pronunciar o nome do terrorista responsável por meia centena de mortes no ataque a uma mesquita. E fê-lo para lhe retirar o protagonismo que ele tanto almejava.

Ora também aqui o fulaninho não o vai ter. Ainda para mais quando vem, pressuroso, querer retirar importância aos acontecimentos de Guimarães. Não, fulaninho, por mim não terás o prazer de ver o teu nome escrito. E mais: na minha modesta opinião seria fundamental que todos sem exceção agíssemos assim. Ficarias sem palco, coisa de que tanto pareces gostar, fulaninho. Ficarias sem a exposição mediática que te pôs a dizer a baboseira de que serás candidato a Presidente da República. Sabes o que pensa o povo destas coisas, fulaninho? Pois bem, o que pensa está bem resumido no adágio “pobre de quem as ouve que quem as diz fica aliviado”.

Só tenho uma mágoa: é que, para mal de pecados meus, faças parte dos simpatizantes do meu clube. Mas, entre seis milhões, teria sempre de haver uma ovelha negra (sem racismo…), ou melhor, um fulaninho sem sequer direito a nome…

E sabes que mais, fulaninho? Nem sequer o nome desse partidozeco a que dizes pertencer e que te elegeu para um lugar onde nunca deverias estar pronunciarei.

A palavra com que termino tem o mesmo número de letras, cinco, e vai escrita a maiúsculas como tu tanto gostas de fazer com o nome desse teu partidozeco:
BASTA!!!…

Sobre o autor

Norberto Gonçalves

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