Habitualmente visíveis nos céus polares, as auroras podem, por vezes, ser observadas a latitudes menores, como aconteceu recentemente em Portugal. O fenómeno ficou marcado por um céu noturno pintado em tons de roxo ou rosa. O que terá levado ao aparecimento deste fenómeno em menores latitudes? O aumento da visibilidade das luzes da aurora nestas geografias é o resultado de uma "tempestade geomagnética extrema", de acordo com o Centro de Previsão do Clima Espacial da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).
As auroras resultam da interação dos gases presentes na atmosfera com uma corrente de partículas com carga elétrica, que são emitidas pelo Sol em todas as direções e que se designa por vento solar. Quando este vento solar atinge a Terra, o escudo protetor do nosso planeta – o campo magnético – gera uma corrente de partículas carregadas eletricamente que se desloca para os polos. Alguns iões ficam retidos numa camada da atmosfera denominada ionosfera, onde colidem com átomos de gás – sobretudo oxigénio e azoto – “excitando- os” com energia adicional. Esta energia é, em seguida, libertada sob a forma de partículas de luz ou fotões. Assim, a cor das auroras indica os gases que estão envolvidos e o local da atmosfera onde estão a acontecer. A título de exemplo olhemos para as auroras em tons vermelhos e outras em tons de verde. Um átomo de oxigénio excitado demora dois minutos a emitir um fotão vermelho e, se um átomo colidir com outro durante esse período, o processo poderá ser interrompido ou concluído. Por isso, quando vemos auroras vermelhas, estas encontram-se provavelmente nos níveis superiores da ionosfera, a aproximadamente 240 quilómetros de altitude, onde existem menos átomos de oxigénio que interfiram uns com os outros. Já os fotões verdes são emitidos em menos de um segundo, sendo por isso mais comuns em zonas moderadamente densas da atmosfera, cerca de 100 a 240 quilómetros acima da superfície da Terra.
As lendas e contos também abundam em torno das auroras. Uma das mais interessantes remete para a palavra finlandesa – “revontuli” – que define a aurora boreal e que teve origem numa fábula lapã ou saami. “Repo” significa diminutivo de raposa e “tuli” fogo. Sendo assim, o “revontuli” significa “fogo da raposa”. Segundo a lenda, as caudas das raposas que corriam pelos montes lapões, batiam contra os montes de neve e as faíscas que saíam desses golpes refletiam-se no céu. Os asiáticos acreditavam que as Auroras Boreais eram uma fonte de fertilidade e que quem tenha visto a Aurora Boreal viverá feliz o resto da sua vida.
O fogo da raposa
“As auroras resultam da interação dos gases presentes na atmosfera com uma corrente de partículas com carga elétrica, que são emitidas pelo Sol em todas as direções e que se designa por vento solar.”