A subida da Euribor é um ataque às famílias e sobretudo ao crédito jovem. A Euribor provocou um cataclismo nas finanças familiares. Os empréstimos tinham uma taxa de esforço bem estudada e equilibrada que agora rompe com um acréscimo de 100%. Onde se pagava 600 euros cabem agora valores de 1.150. Jovens trabalhadores que decidiram comprar casa receberam, em abril e maio, a novidade de que o seu salário não chega para cumprir as suas obrigações bancárias. Há milhares de jovens que recebem 900 a 1.200 euros mensais e agora ficam relapsos ou não comem. Trabalham, assumiram compromissos com a cabeça no lugar, sem sobre-endividamento, sem jogadas marotas. De repente os contratos são unilateralmente alterados, envolvendo a palavra dada e a honorabilidade de quem fez contas e assumiu sem leviandade a compra.
Este é o tempo da terceira podridão bancária da última quinzena de anos. Houve a crise da sobrevalorização de empresas e da colocação em carteiras de valor rentável o lixo nascido da mentira. A avidez tresloucada levou milhões de pessoas à falência. Depois nasceu a banca que nos põe a trabalhar, a preencher toda a papelada e a usar contacto online e passou a cobrar taxas sobre o que agora fazemos nós. A taxação brutal e incompreensível de cada gesto, de cada transação. Funcionários despedidos aos milhões por esse mundo fora, encerramento de balcões, juros mínimos sobre depósitos a prazo, taxas cada vez maiores sobre os créditos e, abra-se a boca de espanto, com mais lucros e com menos despesas, os bancos passaram a taxar qualquer movimento de capital. Agora há um novo filão: o incumprimento dos jovens converte-os em devedores depois de perderem o bem. A valia do imóvel desce e passa para outras mãos por 75% do seu valor. Os 25 % que sobram, o jovem continua a dever e a pagar sem estar a comprar nada.
Entretanto os fundos imobiliários internacionais constroem arranha-céus onde existiu a FIL, compram milhares de imóveis do crédito malparado por valores de circunstância. Em tudo isto há um aparente conluio, pois estas vendas não estão ali à mão de quem as necessita. Disto não se fala em Portugal. Andam a brincar connosco na Assembleia da República. Quero lá saber do computador do Francisco, das palmadas na Eugénia, da sexualidade apocalíptica dos “transgénios”, da pouca vergonha do que disse o não sei das quantas. Quero lá saber se o Costa vai à bola com Orban.
Preocupa-me a miséria a ser distribuída sobre a classe média e os seus filhos. Uma inflação que já não tem nada que ver com a Ucrânia nem com a pandemia. A dimensão vigarista da mobilidade elétrica. A desonra que é a TAP onde injetámos mais de 4 mil milhões. O não julgamento do homem que fez volatilizarem-se doze, ou talvez vinte mil milhões com o Rio Forte, o Rio Tinto, a PT, o Rio de Notas que foi o BES. A oposição tem de ser melhor que este lodaçal, este bando de energúmenos que não aporta os nossos problemas e insiste no comezinho e no ridículo. Há portugueses em sofrimento. Há um SNS em Parkinsonismo. Há milhares de professores em luta pelo que lhes é de direito absoluto, sem delongas e sem tibiezas. Roubar é roubar e só tem um verbo – roubar! É primo do furto, da mão alheia, do gamanço, da fanação. Já chega! Roubam nos impostos do rendimento do trabalho – o terceiro lugar da Europa. Roubam em impostos sobre o que já adquirimos – o imposto automóvel e o IMI são criações gatunas. Roubam em valores exorbitantes de IVA nas aquisições. Roubam em obrigações de certificadores e entidades reguladoras de toda a atividade económica. Cobram injustamente a locomoção em pórticos da falta de vergonha. Perto de 70 por cento do que construímos com trabalho vai embora nesta teia de cobranças diretas e indiretas. Mas onde está a direita? Mas de que fala a oposição?
O dinheiro dos portugueses
“De repente os contratos são unilateralmente alterados, envolvendo a palavra dada e a honorabilidade de quem fez contas e assumiu sem leviandade a compra. “