O Covid bom

Escrito por Diogo Cabrita

Vamos ver o lado bom disto tudo: 1 – O tempo para rever velhos papéis, arrumar velhas gavetas, rever o vestuário, conversar por telefone com a família, ler livros, ouvir música, ver filmes, ver séries da Netflix e outros canais, limpar a casa e reduzir coisas que nunca encontrou necessidade em dez anos anteriores. Tempo para cozinhar uns petiscos. Tempo para saborear regradamente a garrafeira. 2 – Natureza para ir passear o cão, para a ver recuperar dos fogos, dos excessos de destruição, para perceber um céu sem aviões. 3 – Exercitar fazendo uns movimentos diários do corpo, agitando uns músculos que não se movem há décadas.
Para o mundo à nossa volta ainda é melhor. Não há paquetes, não há aeroportos cheios, os rios não são pilhados, as fábricas reduziram a produção, a chegada de lixo reduziu-se imenso (menos nos hospitais Covid onde triplicou para incinerar). Os canis enchem-se de animais, Mesmo a produção de comida e a sua distribuição parece que arrefeceu. As mesmas bocas comem menos agora? O futebol deixou de incendiar amizades e conversas tontas de café. O buraco de ozono terá desaparecido? Devem ter nascido milhões de peixes nesta acalmia, devem ter sobrevivido à voracidade muitos pangolins que estavam em risco. Os incendiários estão confinados, como os canalhas, os ricos e os pobres. Fez-se democracia e transversalidade. O mundo leu sobre outras coisas, estudou estatística, transmissão celular, RNA e DNA, virologia. “Analfabrutos” conhecem o rosto de cientistas, gente letrada, gente doutorada. O silêncio de Deus voltou a sentir-se. A crescente estupidez fanatizante do Brasil veio mostrar com hipérbole o ridículo dos pregadores.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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