O cérebro humano

Escrito por António Costa

«As aptidões cognitivas de cada espécie animal dependem não apenas da relação existente entre os tamanhos do cérebro e do corpo, mas também da extensão total do córtex cerebral.»

O grau de complexidade do cérebro torna o ser humano uma espécie animal única, na medida em que realiza uma série de funções vedadas a outras espécies, como seja a linguagem, a consciência ou a arte.

O cérebro humano pesa aproximadamente 1,5 a 2,0 quilos, o que constitui cerca de 2% do peso total do corpo. Observando o cérebro de um perfil superior e analisando apenas a superfície, o córtex cerebral, verificamos a existência de duas metades aparentemente simétricas, ainda que não idênticas, designadas por hemisfério direito e hemisfério esquerdo. Cada um destes hemisférios cerebrais controla, de forma cruzada, cada um dos lados do corpo. O hemisfério direito encarrega-se de controlar o lado esquerdo do corpo, enquanto o hemisfério esquerdo controla o lado direito. Estes dois hemisférios estão unidos por um feixe de vias nervosas denominado por corpo caloso, um vasto sistema de associação que liga pontos não simétricos do córtex das duas metades do cérebro.

O córtex cerebral é a camada evolutiva mais recente do cérebro, que reveste como um manto, manto cortical, as regiões cerebrais mais primitivas. É no córtex cerebral que se integram as capacidades cognitivas, onde se encontra a nossa capacidade de sermos conscientes, de estabelecermos relações e de efetuarmos raciocínios complexos. Deste modo, as aptidões cognitivas de cada espécie animal dependem não apenas da relação existente entre os tamanhos do cérebro e do corpo, mas também da extensão total do córtex cerebral. O ser humano e o golfinho têm muitas pregas no córtex cerebral, pois precisam de acomodar uma grande superfície de córtex dentro da cabeça, enquanto os animais menos complexos, como o gato, têm o córtex mais liso. A soma da superfície esticada, sem pregas, dos dois hemisférios cerebrais do ser humano atinge um metro quadrado! Em comparação, a superfície cortical de um chimpanzé seria apenas a de uma folha, a do macaco a de um cartão postal, e a do rato a de um selo dos correios.

O cérebro partilha com outros sistemas da natureza a capacidade de se auto-organizar e provocar comportamentos emergentes. Trata-se de um sistema complexo composto por um elevado número de elementos que interagem mediante uma intrincada tipologia e de forma não linear, isto é, as interações não obedecem ao princípio da proporcionalidade.

É, então, provável que o comportamento ou a cognição sejam processos emergentes, ou seja, que resultem da ação coordenada entre elementos que cooperam a num nível mais baixo para produzir de forma espontânea uma certa ordem ou coerência num nível superior.

Sobre o autor

António Costa

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