Será que ela é moça e por isso não se apercebe do mal que lhe faz?
Será que ela é triste e nessa dor cabe inteira mais uma peça dorida?
Será que é o contrário e vive revoltada e amarga por trás do verniz?
Será que é pintura e ela é uma Gioconda farta da moldura?
O rosto da atriz
Será que é de louça e quebrava sem espanto toda a história?
Será que é de éter e volatiliza a tragédia elevando-a acima dos olhos?
Será que é loucura e desperta desarrumando tudo o que arrumará depois?
Será que é cenário e sofre diariamente pelos dois?
A casa da atriz
Será que é uma estrela escura que gastou sua luz?
Será que é mentira e tudo não passa de contos e literatura?
Será que é comédia e constrói lucubrações a que fazemos jus?
Será que é divina em conseguir manipular todos à loucura?
A vida da atriz
Este processo de ficar tudo dúbio
Construir tudo em ondulados contornos
Era a força que tinha no grupo a Beatriz.
Afinal metade era mentira, partes eram tristes, mas era quase tudo pintura.
Demente perversa que ontem partiu. Ia só.