Foi assim, o primeiro dia depois do Estado de Emergência! Assim ou mais ou menos assim – já que arraiais e foguetes no ar não se nos assomarão à vista, nestes tempos tão mudados que todos tão bem conhecemos.
Falo-vos, todavia, do que eu vi! Falo-vos do trabalho que se continua a fazer no meu Agrupamento, em particular pelo “Rei”, o mesmo é dizer pelo Diretor.
Posso confessar-vos que não me passava pela cabeça (mesmo sendo eu sabedora de que os verdadeiros “Reis” dormem pouco), do muito que é preciso fazer diariamente, já que em momentos de confinamento a coisa se complica. Dois telefones constantemente a tocar, emails sempre a chegar à caixa de entrada, a autarquia a contactar, professores a clarificar alguma situação mais complicada, pedidos de elucidações, requerimentos de auxílio, distribuição de refeições, denuncias de internet fraca, a chefe de secretaria a pedir assinaturas…, enfim, uma panóplia de afazeres como se não houvesse amanhã!
Amanhã? Pois amanhã! E é a pensar em amanhã que as palavras se agrupam para questionar o amanhã:
– Como será o amanhã?
Lembro-me bem dos meus primórdios de estudante, da falta de professores, no caso da falta de professor de Francês, que viria a ditar a minha falha constante na língua; sim, porque na altura as explicações não existiam nas aldeias, até porque o dinheiro era coisa rara, tal como raros eram os professores. Mas há quarenta e tal anos atrás, não é amanhã.
Não, não é! Todavia talvez, em vagas reminiscências possamos vislumbrar o amanhã.
Estou a adivinhar uma discrepância na apreensão de conhecimentos…
Ao que sei (e se sei!) os professores não levam frio a reinventar-se para ajudar os seus alunos. O trabalho multiplica-se. A par do que é pedido no “Reino”, surgem os telefonemas dos alunos e dos pais, de manhã, à tarde, à noite, ao fim de semana, nos feriados… Dúvidas a toda a hora, a juntar ao desgaste de muitos dos professores que já não vão para novos. Pois, é que a classe não tem sido lá assim muito bem tratada e parece que a espécie pode estar mesmo em vias de extinção, senão em todos os campos, pelo menos em alguns.
Mas a questão, aqui, é que nem todos os alunos têm as mesmas oportunidades, os mesmos recursos e os mesmos apoios. Se sempre foi assim? Claro que foi!
Mas eu ainda sou do tempo em que ter opinião podia custar a vida e onde o paraíso era só para alguns. Agora todos podemos ter opinião, mas o paraíso pode ainda não ser para todos…
Pensemos nisso! Realcemos a questão e sejamos previdentes, porque ainda havemos de ir ao futuro e a distância a que fica o paraíso, acentuada pela Covid-19, não será, de todo, culpa dos “Vassalos” e muito menos do “Rei”!
Elizabete Dente