Agora é que é. Esta semana tinha decidido não voltar a escrever sobre política, já que o mundo se encheu de coisas interessantes, desde o namoro de Cristina Ferreira às nomeações para os Óscares.
Eis que, entre a leitura atenta da “TV Guia” e da “Nova Gente”, decido passar os olhos pelos jornais da política, e dou conta que Portugal está sem nenhum governo. E não apenas no sentido metafórico, de “isto não tem governo” (porque não tem), mas também no sentido literal, em que Portugal e as regiões autónomas estão sem governo (porque estão).
O país, neste momento, é o sonho húmido dos anarquistas. Se há governo, são contra. Há muita gente que começa a suspeitar que os governos são coisas que não aquece nem arrefece, porque para isso está o clima, que nos trouxe a Primavera em Janeiro.
Portugal está sem Governo há umas semanas, mas está sem governo há uns séculos. E as pessoas cá vão vivendo, excepto aqueles que vão embora. Antes de começar a escrever este texto, um aluno estrangeiro questionou-me sobre um prazo. Respondi-lhe com uma lição de climatologia das organizações. Queres sol, vens para aqui. Queres eficiência, vais para a Escandinávia.
Apesar de não se viver mal desgovernado, há sempre uma data de patuscos que se propõem a governar este e outros charcos, mesmo que mal frequentados. Nesta altura, jornais e televisões ocupam com desmesura o seu espaço a falar-nos dessas criaturas. Felizmente, a “TV 7 Dias” e a “TeleNovelas” não se preocupam com essas mesquinhices e fazem verdadeiro jornalismo de investigação. Não foi o “Público” que revelou que o novo namorado de Cristina Ferreira é o irmão do vencedor do último “Big Brother” que Cristina Ferreira apresentou. Um escândalo de compadrio comparável ao do Funchal, só que em vez de agentes da polícia, quem persegue o casal são fotógrafos.
Como não queria escrever sobre política, termino com uma referência a Pedro Nuno Santos, que prometeu, caso seja eleito, acabar com as portagens nas auto-estradas do interior. Obrigado, sôtor Pedro Nuno. Finalmente, alguém que se preocupa com a situação das infra-estruturas. É mesmo caso para perguntar: onde é que andou este tempo todo, sôtor? Quem nos dera que, nos últimos anos, algum ministro dessas infra-estruturas tivesse tomado conta deste assunto. Ainda bem que apareceu, vindo sabe-se lá de onde, para salvar o interior. Já fazia falta um candidato como Pedro Nuno Santos, que percebe os erros da governação socialista e está disposto a fazer-lhe oposição.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia