Natural é sempre melhor… ou não?

Escrito por Juliana Gomes

“O facto de o produto ser chamado de “natural” faz com as pessoas considerem a substância segura e sem riscos para a saúde. No entanto, há vários riscos no caso de tomar suplementos sem supervisão ou indicação: interações com outros medicamentos, tomar doses excessivas ou em substituição de um medicamento, atraso na investigação de sintomas ou défices nutricionais, risco de contaminação com outras substâncias, além da despesa financeira desnecessária.”

Os suplementos naturais destinam-se a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal. Podem incluir vitaminas, minerais, ervas, microrganismos, etc. São habitualmente comercializados em cápsulas, comprimidos ou saquetas como os medicamentos, no entanto, muitas são as diferenças entre eles.
No caso dos medicamentos, o INFARMED, I.P. efetua uma avaliação da composição do produto, das suas propriedades e ainda dos riscos do seu consumo, incluindo estudos em populações particulares como crianças, grávidas e idosos.
Pelo contrário, a colocação de um suplemento no mercado depende de aprovação da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária e não envolve a apresentação de ensaios de eficácia e de segurança. Ou seja, não está sujeita ao controlo pelas autoridades competentes na área da Saúde, o que pode constituir um risco.
O consumo destes produtos naturais tem aumentado muito. O facto de o produto ser chamado de “natural” faz com as pessoas considerem a substância segura e sem riscos para a saúde. No entanto, há vários riscos no caso de tomar suplementos sem supervisão ou indicação: interações com outros medicamentos, tomar doses excessivas ou em substituição de um medicamento, atraso na investigação de sintomas ou défices nutricionais, risco de contaminação com outras substâncias, além da despesa financeira desnecessária.
Em situações particulares, a toma de suplementos alimentares está indicada, nomeadamente em grupos de risco, certas doenças crónicas ou quando há uma alimentação restritiva. São exemplos a toma de vitaminas na gravidez – ácido fólico, iodo e ferro; em crianças durante o primeiro ano de vida – vitamina D; na osteoporose – cálcio e vitamina D; na diarreia e na obstipação – probióticos.
Os suplementos alimentares podem apresentar um efeito benéfico em situações particulares, contudo, não são medicamentos. Antes de começar a tomar qualquer tipo de suplemento informe-se e consulte o seu médico.

* Médica interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar na USF

A Ribeirinha”/ ULS Guarda

NR: A rubrica “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da ULS da Guarda e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda. O objetivo desta coluna mensal é capacitar a comunidade a fazer parte integrante do seu processo de saúde/doença, motivando-a para comportamentos de vida saudáveis e decisões adequadas. Para tal, são escolhidos temas pertinentes que serão apresentados por ordem alfabética.

Sobre o autor

Juliana Gomes

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