A chuva é como a democracia e cai para todos, molha os pés que a pisam, encharca a face dos incautos e adora ser guiada por rajadas de vento. A chuva é aborrecida se demora tempo demais. Pode ser desgraçada se vem ao desvario.
O dinheiro é frio, democrático, tolerante, sem família, sem amigos. O dinheiro é como o álcool e causa deslumbramento e tolda visões. O dinheiro divide-nos em bairros e escolhas.
O amor é intempestivo, intemporal, sem donos, sem fronteiras, sem limites e sem cor, pátria, cheiro. O amor penetra e afaga, inebria e enlouquece, isola e seleciona.
Se chovesse amor, caia sobre todos e derretia os dissabores e as guerras e os desentendidos. Se pingasse dinheiro era uma alegria colossal. Os homens saiam de baldes à rua e os que podiam arrancavam as banheiras para as colocar nos telhados. Mas não! Não chove amor, e não chove dinheiro.
Não chovem!
“Se chovesse amor, caia sobre todos e derretia os dissabores e as guerras e os desentendidos. Se pingasse dinheiro era uma alegria colossal.”