Nada está garantido

“Depois de anos a ouvir falar de logística, finalmente há um projeto de investigação que pode vir a colocar a Guarda no centro da investigação, do estudo e do conhecimento do novo mundo global da gestão da cadeia de abastecimento e distribuição. “

1. Depois de dois anos de pandemia, em que o mundo esteve em “suspenso”, é tempo de regressar à normalidade. E não há melhor normalidade que a celebração da Liberdade e da Democracia. Não há melhor normalidade que o regresso do entusiasmo popular, da vida, da alegria, da festa, da celebração! Não há melhor normalidade que as comemorações do 25 de Abril.
Sem máscaras e sem medo, o povo saiu à rua, como há muitos anos não se via. Em Lisboa, desceu a Avenida da Liberdade, onde todos os anos se festeja a Revolução dos Cravos, e por todo o país, os portugueses voltaram a comemorar o dia em que Portugal acordou para o futuro, o dia em que fechou a porta à ditadura, em que se pôs fim à guerra do ultramar, em que se abriu caminho à liberdade e à democracia, o dia em que abrimos a porta da Europa.
Em tempo de guerra na Europa, em que a paz voltou a ser uma palavra cheia de sentido, comemorar Abril é recordar a afirmação de valores como a liberdade e a democracia, que não podemos dar como assegurados ou garantidos, pois foi muito difícil de conquistar.
Mas, ao contrário do que o PCP disse no contexto da intervenção do Presidente da Ucrânia na Assembleia da República, a Revolução dos Cravos é de todos, e é de todos os que são contra as ditaduras. E em nome de Abril temos de ser solidários com todos os que sofrem na sua luta pela autodeterminação e pela liberdade. Como disse Zelenskii, «vocês sabem o que outros povos estão a sentir, principalmente na nossa região, que querem ter liberdade». E como se confirma na Ucrânia, mutatis mutandis, a democracia é uma conquista muito difícil, mas que rapidamente se pode perder. A nossa foi uma conquista depois de 48 anos de ditadura; é uma conquista com 48 anos que devemos todos os dias recordar e alimentar – a Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974) foram, em conjunto, o mais longo regime autoritário na Europa Ocidental no séc. XX, estendendo-se por um período de 48 anos, tantos como os que vivemos em liberdade.
2. Perante as mudanças bruscas que, primeiro, a pandemia de covid-19 e, depois, a invasão da Ucrânia pela Rússia introduziram nas cadeias de abastecimento e na rede logística mundial, o estudo, a informação, o conhecimento científico sobre a logística passou a ser ainda mais relevante. Escolas, politécnicos e universidades vão ter de preparar, estudar e ensinar logística e gestão de cadeias de distribuição e abastecimento. É preciso aprender depressa e a reagir ainda mais depressa, para basear as decisões que todos os dias terão de ser tomadas, pelos operadores, pelas empresas, por todos…

A aprovação do Laboratório Colaborativo em Logística – CoLAB LogIN, no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), é muito mais do que uma boa notícia para aquela instituição de ensino superior, é um momento de grande expetativa para o interior, para a região e para o futuro da Guarda. A aprovação pela Fundação para a Ciência e Tecnologia com alta nota é o reconhecimento de um projeto importante no presente e determinante para o futuro. E é estar a caminhar e a reagir rapidamente às novas necessidades. Depois de anos a ouvir falar de logística, finalmente há um projeto que pode vir a colocar a Guarda no centro da investigação, do estudo e do conhecimento do novo mundo global da gestão da cadeia de abastecimento e distribuição.

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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