Esta manhã deixei seguir a pen que coloquei no carro com milhares de músicas que me agradam, carregada de temas dos CD’s que já não têm lugar nos automóveis. Eu tenho a nostalgia do papel, das capas, dos objetos aperaltados, cuidadosamente construídos para o ouvinte, com as letras, com desenhos ou fotografias, com informações importantes para o artista que assim se explica e enquadra. Hoje ouvi os meus deliciosos mler ife dada que acabaram há três décadas e que ainda são modernos, únicos e fascinantes. Por ali passaram músicos de exceção, participaram artistas plásticos, fizeram-se arrojados arranjos, ilusionismo musical, sofisticadas performances. Ainda hoje o tema “Pandra Bomba” é uma cadência de ritmos e de opções inovadoras. Terminaram depois do EP “música do homem que anda”, em 1990, que é um título tão adequado agora. Cantou no começo Anabela Duarte e depois Sofia Amendoeira. Participaram na banda nomes como Pedro d’Orey, os irmãos Garcia, Nuno Canavarro, Bruno Pedroso que fazem parte do percurso pop da música portuguesa. Nuno Rebelo é hoje um músico experimental com uma produção a que sou alérgico. Que pena! O que transporta alguém ao nebuloso espaço do inaudível depois de se ter brilhado na extravagância criativa e divertida? Há coisas que não percebo, mas também essas me fascinam.