É do senso comum que quando alguém diz ter uma “massa”, tal não perspetiva nada de bom. Mas, afinal, a que se referem os médicos quando dizem que o doente tem uma “massa”?
Por “massa” entendemos um conjunto de células que, unidas, formam como que um aglomerado num qualquer local do corpo humano. Resta agora saber se a presença de uma “massa” pode ou não sentenciar o doente.
“Massas há muitas”, mas, na perspetiva do doente, importa apenas esclarecer que podem dividir-se em malignas e benignas. E se as primeiras podem ser castradoras para o hospedeiro em que habitam, as segundas poderão com ele conviver amigavelmente. São exemplos destas os quistos diversos (por exemplo, os renais, bastante comuns); nódulos da tiroide (igualmente comuns, raramente problemáticos); lipomas; fibroadenomas da mama; hemangiomas.
Esperando ter sido capaz de apaziguar a conotação e o medo por detrás de tal palavra, resta-me dizer como médica de família, apoiante severa da prevenção, que os leitores deverão estar cientes da existência de um conjunto de rastreios em vigor no nosso país que visam o diagnóstico precoce de “massas” malignas em pessoas assintomáticas. Numa fase precoce da doença, estes rastreios podem minorar ou até mesmo anular as consequências da mesma. Refiro-me ao rastreio do Cancro da Mama, realizado de dois em dois anos, dos 50 aos 69 anos; ao rastreio do Cancro do Colo do Útero realizado de cinco em cinco anos, dos 25 aos 69 anos; e ao rastreio do Cancro Colo-Retal realizado dos 50 aos 74 anos, de dois em dois anos através da pesquisa de sangue oculto nas fezes ou por colonoscopia, com intervalos temporais definidos em função do resultado do exame.
Destaco também que a Endoscopia Digestiva Alta e o badalado PSA não deverão ser usados como forma de rastreio universal, respetivamente do Cancro do Estômago e da Próstata, devendo apenas ser realizados aquando da presença de sintomas.
Para além de qualquer rastreio, e para terminar, deixo algumas indicações que todos deveríamos cumprir no nosso dia-a-dia na procura de um estilo de vida mais saudável. E são elas: uma alimentação saudável, o exercício físico e a evicção do fumo do tabaco e do álcool, estes dois últimos cancerígenos bem conhecidos.
Interna de Medicina Geral e Familiar na USF “A Ribeirinha”, tendo como orientador o dr. Rui Gonçalves
N.R.: A rubrica mensal “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da USF “A Ribeirinha” e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda.