O “bloco central” de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa foi o grande vencedor das eleições presidenciais de hoje. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou à primeira-volta as eleições e renovou o seu mandato como Presidente da República. Sem surpresa, o presidente-candidato ou candidato-presidente foi o escolhido pela maioria dos portugueses superando os resultados conquistados por Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva, na respetiva reeleição, ficando aquém dos resultados conquistados na segunda eleição de Mário Soares.
Numas eleições marcadas pelo advento de uma candidatura de perfil populista, protagonizada por André Ventura, e pelas circunstâncias consequência da pandemia, a abstenção foi a mais alta de sempre – com cerca de 60%. Porém, a entrada direta nos cadernos eleitorais de mais de um milhão de emigrantes, e em que a maioria não votou, teremos uma abstenção ponderada similar às anteriores presidenciais.
As regras de segurança e higiene impediram que houvesse campanha eleitoral, os candidatos “inventaram” fórmulas para chegar aos eleitores, em especial nas televisões, e sem contacto com o cidadão, nestas eleições acabaram por votar tantos portugueses como nas anteriores. A abstenção foi alta, mas no atual contexto os portugueses foram os verdadeiros heróis destas eleições – os portugueses que votaram, os eleitores corajosos, que num contexto de pandemia, de dúvidas, sem pressa (esperando em muitos locais estoicamente pela sua vez), sem confusão e sem deixar que outros decidam por eles, os portugueses votaram sem medo.
Resistindo à pandemia, os portugueses foram às urnas e elegeram Marcelo sem margem para dúvidas. Ana Gomes (que teve o apoio de Pedro Nuno Santos, o suposto líder do PS do futuro, mas que no presente foi inapelavelmente derrotado) terá conseguido ficar à frente de André Ventura por muito pouco. Mayan Gonçalves conseguiu um resultado muito acima da Inicitiva Liberal; Marisa Matias foi a grande derrotada da noite eleitoral; João Ferreira foi outro derrotado e não polarizou a habitual fidelidade dos comunistas; Vitorino Silva repetiu o apoio de alguns milhares de portugueses que vêm no candidato de Rans a forma de expressão pelo descontentamento sobre o sistema político.
No Interior, e para além da vitória absoluta de Marcelo Rebelo de Sousa, havia dúvidas sobre o impacto de André Ventura. E na maioria dos concelhos do interior foi o líder do Chega a ser o segundo candidato mais votado. No distrito de Viseu André Ventura teve 13 por cento e Ana Gomes 10. No distrito de Castelo Branco o líder do Chega teve 14 por cento seguido de Ana Gomes com 11,5. No distrito da Guarda André Ventura conquistou mais de 14 por cento enquanto Ana Gomes não conseguiu mais do que 10,4. André Ventura conquistou milhares de votos na região e em todo o Interior, falta saber o que o Chega poderá fazer no país e na região com meio milhão de votos.