Máquinas inteligentes

Escrito por António Costa

Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) deixou de ser um conceito de ficção científica para se tornar uma presença regular em muitas das atividades que realizamos diariamente. Dos assistentes virtuais nos telemóveis aos algoritmos que nos recomendam o próximo vídeo, música ou produto que devemos consumir, a IA está, silenciosamente, a moldar comportamentos, decisões e até formas de encarar e ver o mundo. Mas o que é exatamente inteligência artificial? E que impacto terá no nosso futuro?
A inteligência artificial é, em termos simples, um conjunto de técnicas que permitem que máquinas realizem tarefas que, até há pouco tempo, eram exclusivas da inteligência humana: reconhecer imagens, compreender linguagem, tomar decisões e aprender com a experiência. Isso é possível devido a avanços em áreas como o “machine learning”, uma abordagem que permite aos sistemas “aprender” a partir de dados, sem que sejam explicitamente programados para cada tarefa.
Os efeitos já são visíveis em várias áreas. Na medicina, algoritmos ajudam a detetar doenças em exames médicos com grande precisão. Por exemplo, redes neuronais são utilizadas para identificar sinais precoces de doenças com maior rapidez e fiabilidade. Na mobilidade, os veículos autónomos combinam sensores e IA para conduzir com mais segurança e responder de forma mais célere a imprevistos. Na robótica, o robot Spot, da Boston Dynamics, é um bom exemplo: consegue navegar em terrenos difíceis usando visão computacional e aprendizagem por reforço. Na indústria, braços robóticos inteligentes adaptam-se a diferentes produtos e condições, otimizando a produção. Também na ciência dos materiais, algoritmos preveem propriedades de novos compostos, acelerando o desenvolvimento de baterias ou materiais sustentáveis com menos necessidade de testes laboratoriais.
No entanto, a IA levanta desafios sérios. O uso intensivo de dados pessoais exige garantias de privacidade e segurança. Há ainda o risco dos algoritmos reproduzirem preconceitos presentes nos dados com que foram treinados, o que pode afetar negativamente certos grupos.
A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas continua a depender das escolhas humanas. O futuro que vamos construir com ela depende da forma como a usamos – com responsabilidade, criatividade e bom senso. Porque no fim, mais do que termos máquinas inteligentes, o que importa é sermos inteligentes na forma como as usamos.

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António Costa

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