– Elsa, sabes que as Nações Unidas querem que até 2030 as áreas protegidas cubram 30% do planeta?
– É verdade Ana. É um objetivo claro que visa proteger o Planeta da sobre-exploração dos recursos e ainda da poluição.
– Mas, afinal, o que é uma área protegida?
– Áreas protegidas são territórios delimitados e geridos com o objetivo de conservar o seu património natural, que inclui elementos ecológicos, históricos, geológicos e culturais. Devem ser paisagens belíssimas e com grande relação com a História. Locais que merecem ser protegidos, por serem fascinantes e inspiradores.
Ana, acompanha-me e imagina que a linha de água do Rio Diz, desde a sua nascente até ao Parque Polis, que atravessa toda a cidade na vertente norte, seria transformada num jardim natural de biodiversidade. Um corredor verde e harmonioso entre a cidade e o campo, com o rio devolvido à natureza, pujante, na sua serenidade e cadência musical.
Imagina ainda que toda a área dos pavilhões da extinta fábrica de lavagem de lãs daria agora lugar a inúmeros edifícios arquitetónicos dentro deste jardim de biodiversidade, numa simbiose semelhante à que o Museu Gulbenkian tem com os seus jardins. Imagina surgirem pavilhões multiusos de exposições nacionais e internacionais, um Parque de Ciência Viva Experimental e um Museu, da Água, que contasse a história da relação da humanidade com as montanhas, da produção de energia elétrica, da indústria e do desenvolvimento económico de outrora, que transformou estes territórios em locais desenvolvidos e muito povoados, mas numa relação insustentável entre o Homem e a Natureza. Consigo fazer-te sentir como seria inspirador para as novas gerações e de como o sentimento de pertença ficaria fortalecido com a transformação de toda esta área?
Sabes Ana, o planeamento dos espaços naturais deve ser racional e científico, feito por especialistas. É uma das preocupações atuais em todo o mundo, principalmente na Europa civilizada. Há um fascínio crescente de preservar paisagens que tenham relação com a História. Já estamos inseridos num Geoparque UNESCO. Seria maravilhoso se conseguíssemos criar na Guarda esta realidade, que contasse a história viva desta cidade e ao mesmo tempo fosse um local interativo e multifuncional, atrativo, impondo à ordem natural a ordem cultural e sublimando aquela em face do seu único utente: o Homem.
* Professora, licenciada em Biologia pela Universidade de Coimbra. Inicia nesta edição colaboração mensal.