Os amantes da exploração espacial tiveram no dia de Natal um acontecimento marcante: o lançamento do telescópio James Webb. Trata-se o maior telescópio espacial do mundo, superando o Hubble e o Kepler.
Olhando para as características deste instrumento científico percebe-se que estamos perante um aparelho de observação ímpar, até mesmo nos custos associados. Com um valor inicial previsto de 442 milhões de euros, as sucessivas derrapagens e atrasos conduziram ao custo final de 8,8 mil milhões de euros. Recorde-se que estava planeado ser lançado em 2011! Com este telescópio, os astrónomos procuram dados sobre a fase inicial do Universo, incluindo o nascimento das estrelas e galáxias. Para obter esta informação, o James Webb captará luz ténue de corpos celestes ainda mais distantes, de há 13,5 mil milhões de anos, quando o Universo era bastante jovem (a idade estimada do Universo pela teoria do “Big Bang” é 13,8 mil milhões de anos).
As dezenas de observatórios espaciais que desde o início da era espacial têm sido postos ao serviço dos cientistas têm marcado, de forma indelével, a conhecimento sobre o Universo. Estes instrumentos são capazes de realizar observações em todas as regiões do espectro eletromagnético. Na Terra, a atmosfera, que tão bem nos protege da radiação ultravioleta, dos raios X e dos raios gama, também impede que os telescópios com base no solo façam observações nessas regiões do espectro. A resposta natural para o problema é colocar os telescópios no espaço, onde não existem as perturbações atmosféricas.
Regressemos ao James Webb. Este telescópio espacial vai orbitar o Sol no ponto L2, local que permitirá que fique em linha com a Terra. Um local “popular” para vários outros telescópios espaciais, que já habitam esta região, incluindo o Telescópio Espacial Herschel e o Observatório Espacial Planck. O ponto de Lagrange é um local gravitacionalmente estável no espaço que, combinado com o cone de sombra terrestre, é o ideal para observação espacial profunda.
O James Webb começou por ser conhecido como Telescópio Espacial da Próxima Geração, uma vez que foi construído com recurso a tecnologia que não existia quando o Hubble foi planeado. A aplicação mais radical desta tecnologia diz respeito ao espelho principal. Enquanto o espelho do Hubble é um bloco inteiriço que pesa cerca de uma tonelada e com 2,4 metros de diâmetro, o espelho do James Webb consiste em segmentos hexagonais muito mais pequenos e finos com cerca de 6 metros de diâmetro. Um espelho deste tamanho não cabe dentro da área de carga do foguetão espacial, pelo que está a viajar dobrado e depois abrir-se-á quando for instalado. A viagem deste “navio-observatório espacial”, depois de chegar à órbita terrestre, será de aproximadamente 30 dias até chegar ao local estabelecido pela NASA, a um1,5 milhões de quilómetros da Terra. Aguardemos entusiasmados pelas primeiras imagens…