Já ouviu falar em PHDA?

“A PHDA – Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é a perturbação do neurodesenvolvimento mais prevalente e é definida por comportamentos desatentos/desorganizados e/ou hiperativos/impulsivos.”

A PHDA – Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é a perturbação do neurodesenvolvimento mais prevalente e é definida por comportamentos desatentos/desorganizados e/ou hiperativos/impulsivos. Afeta 5-7% da população em idade escolar e 2,5-3% dos adultos.
O diagnóstico é feito recorrendo a critérios de diagnóstico e de acordo com estes, os comportamentos devem ser persistentes, prejudiciais, desadequados ao nível de desenvolvimento e interferir significativamente com o funcionamento global, concretamente nas crianças, o desempenho académico e social.
A PHDA não ocorre apenas em crianças. Metade dos casos de PHDA vai-se manter ao longo da vida e pode interferir na atividade académica, na produtividade no emprego e na família. Apesar da importância de fatores ambientais, nomeadamente o ambiente sociofamiliar, no agravamento ou proteção relativamente às queixas de PHDA, estes nunca são a causa primária do seu surgimento. A disfunção cerebral associada à PHDA envolve importantes áreas neurocognitivas (função executiva, memórias de trabalho, linguagem, atenção e controle motor), prejudicando o funcionamento académico, familiar, ocupacional e social.
Uma abordagem não farmacológica isolada da PHDA está recomendada apenas em crianças pré-escolares ou nas situações muito ligeiras. Em situações moderadas ou graves, com grande impacto no funcionamento, desempenho e autoestima da criança, após uma adequada avaliação por equipa interdisciplinar e a exclusão de contraindicações ao uso da medicação, esta é recomendada em associação a medidas não farmacológicas. A opção farmacológica é sempre decidida pelos pais, depois de devidamente informados e a sua continuidade dependerá dos ganhos obtidos e dos eventuais efeitos secundários.
Várias razões, algumas bem óbvias, estão subjacentes ao aumento do uso de medicação nos últimos 10 anos, em Portugal e na maioria dos países civilizados, nomeadamente:
1º Ser uma patologia altamente prevalente e a sensibilidade para o problema entre os profissionais e na sociedade em geral ter aumentado significativamente.
2º O nível da exigência e competitividade do ensino é hoje consideravelmente superior ao de há alguns anos e a medicação tem excelente eficácia e raras contraindicações.
3º Nos últimos anos, este problema tem sido reconhecido, diagnosticado e medicado de forma crescente pelos serviços de psiquiatria de adultos.

* Pediatra do Neurodesenvolvimento no Hospital CUF Viseu, CUF Coimbra e presidente da Sociedade Portuguesa de Défice de Atenção

N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.

Sobre o autor

José Boavida Fernandes

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