História da variação climática

Escrito por António Costa

“Embora a deriva continental seja um processo extremamente lento, de tal forma que não nos conseguimos aperceber dele e dificilmente o imaginamos, o certo é que ocorre e tem as suas consequências.”

Os restos fossilizados que se encontram nas diferentes regiões do nosso planeta são prova, entre outras coisas, das alterações que ocorreram no clima terrestre. A deriva continental é um fator determinante destas alterações climáticas e, em consequência, do futuro de todas as espécies que habitam a Terra.
Embora a deriva continental seja um processo extremamente lento, de tal forma que não nos conseguimos aperceber dele e dificilmente o imaginamos, o certo é que ocorre e tem as suas consequências. A posição que os continentes vão adotar, dentro de milhares de anos, é objeto de várias estimativas, mais ou menos ajustadas, mas com nenhuma certeza.
O facto das placas continentais estarem em constante movimento gera todo o tipo de enigmas sobre a nova formação que o “puzzle” continental adotará sobre a crosta terrestre. As alterações na posição dos continentes afetaram o clima terrestre no passado e também o farão no futuro, com as consequências que alterações destas tipologias acarretam: modificações na paisagem, migrações, extinção de diversas espécies, entre outras. Assim, conhecer a história da variação climática que ocorreu no nosso planeta talvez nos ajude a imaginar o que poderá ocorrer num futuro muito remoto.
Nas formações rochosas do deserto do Saara foram encontrados fósseis que comprovam a existência de uma breve glaciação que ocorreu há 450 milhões de anos. Quando o megacontinente chamado Pangeia se partiu, em princípio, em duas enormes massas continentais, calcula-se que o clima era basicamente quente e que os intervalos de temperatura entre os polos e os trópicos não eram muito pronunciados. Durante os últimos 65 milhões de anos a Terra tendeu para um processo de arrefecimento, embora não fosse sempre gradual. A períodos relativamente estáveis e quentes seguiram-se outros de arrefecimento brusco e determinante. A estes, alternadamente, seguiram-se outras etapas de maior calor, de formação de glaciares, de derretimento das calotas de gelo e de subidas dos níveis do mar, entre tantas outras. Cada um destes eventos foi determinante para que se definisse o destino da flora e da fauna típicas das diferentes regiões em cada período.
Atualmente vivemos na época Holocena, um período quente que teve início há 10.000 anos. Mas, assim como não é possível ler o futuro numa bola de cristal, também não podemos saber com certeza se não nos encontramos apenas num período interglaciar que terminará com uma nova época glaciária e se, até então, a nossa espécie terá sobrevivido às alterações e terá evoluído o suficiente para continuar a ocupar o seu lugar neste planeta.

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António Costa

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