O corpo humano é constituído por cerca de 70% de água, mas quem sofre desta desordem parece que é formado por muito mais… A hiperidrose carateriza-se por uma hiperatividade das glândulas sudoríparas, verificando-se uma produção excessiva de suor para além da que o corpo necessita para a regulação da temperatura corporal. Esta doença pode ser generalizada ou localizada às palmas das mãos, plantas dos pés, axilas, regiões inframamárias ou virilhas. A sua etiologia é desconhecida, sendo apontado o fator genético como a principal causa. Apresenta um grande impacto na vida diária, nomeadamente a nível psicológico, uma vez que dificulta as relações sociais e profissionais de quem a padece.
Existem dois tipos de hiperidrose, a primária e a secundária. A doença primária, geralmente, apresenta-se na infância e com sintomas localizados apenas a uma área do corpo. A hiperidrose secundária inicia-se após a idade adulta, em várias zonas do corpo e é causada ou por uma doença sistémica ou pelo efeito adverso de um medicamento.
O diagnóstico é geralmente clínico, contudo podem ser requisitados exames complementares de diagnóstico de forma a descartar outras causas: infeções, neoplasias, hipertiroidismo, diabetes mellitus, doenças neurológicas, alcoolismo, menopausa ou efeitos farmacológicos.
«É parte da cura o desejo de ser curado» (Seneca), assim existem vários tratamentos para esta patologia. Inicialmente estão indicadas as medidas gerais, isto é: evitar fatores desencadeantes (nomeadamente exposição a calor ou excesso de especiarias nas refeições); controlar o peso corporal, dado que a obesidade agrava a hiperidrose; manter uma hidratação adequada; usar roupas de fibras naturais (algodão, linho); lavagem diária com sabão líquido que contenha clorexidina; uso de desodorizantes.
Se estas medidas falharem, consulte o seu médico pois há outras terapêuticas a considerar, nomeadamente tratamento tópico com cloreto de alumínio; infiltração com toxina botulínica; iontoforese; terapia cognitivocomportamental; e em casos mais graves a simpatectomia torácica endoscópica.
* Médica interna da USF “A Ribeirinha”/ Orientadora Drª Maria de Jesus Clara
N.R.: A rubrica “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da USF “A Ribeirinha”, da Unidade Local de Saúde da Guarda, e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda. O objetivo desta coluna mensal é capacitar a comunidade a fazer parte integrante do seu processo de saúde/doença, motivando-a para comportamentos de vida saudáveis e decisões adequadas. Para tal, serão escolhidos temas pertinentes que serão apresentados por ordem alfabética, daí a designação “ABC Médico”.