Guia prático para gente com tosse ou “panicosa”

Escrito por Diogo Cabrita

Surpreso com a inutilidade e a farronca de um político a falar de Covid-19, estupefacto por nunca me questionarem como se conduz um avião, ou como montaria os componentes da cabota do motor para eu dizer – escolha quem sabe! – vejo-me dilacerado pela inutilidade e resolvo fazer um guia prático para os doentes emocionais nestes dias de virologia acéfala. Isto é para adultos:

1- Tens sintomas de febre (mais de 37,5º), ou frio? Ou dores musculares? Ou tremores e dores musculares e tosse? Tens isso tudo mas vais à casa de banho pelo teu pé e não te cansas? Manténs apetite? Então fica em casa e faz um ben-u-ron (paracetamol) 1000 cada 8 horas e intercala com o nolotil (metamisol). Podes também usar o nimed se não tens história de dores de estômago. Não necessitas para nada de fazer teste de virologia. Cuida de ter uma distância dos idosos e resguarda-te mais que o normal. Não tenho mais nada para te dar. Se és meu amigo podes ligar-me para discutir a economia ou o Paulo Portas que agora é médico.

2- Andas cinco passos e cansas-te muito? Junto com isso sentes que te custa respirar? Fazes força para encher os pulmões? Nunca sentiste isso com ansiedade? Se és doente nervoso, emotivo, já te apertou o peito, já te saltou a lágrima, mas não é isso? Já viste um peixe a sair do mar? És dos que tem história de asma e, portanto, percebes bem o que estou a dizer? Vem ao hospital para te observarmos.

3- Estás cheio de medo e queres fazer um teste da doença para viver feliz? Tens um bocadinho de tosse (toma ambroxol ou faz uns chás de limão com mel) e catarro? Não nos aborreças que aqui há muito que fazer. Se não tens sintomas de nada não dês trabalho, não chateies, não venhas para aqui gastar latim. Compra lenços, assoa-te, não metas os dedos no nariz e depois nos talheres, nos teclados e control de TV. Não temos nada para te oferecer. Assoa-te, lava-te, espirra, tosse um bocado, controla-te e segue a vida como sempre.

4- Estás doente há muitos anos e agora carregas com uma coisa que parece uma gripe? Não te sentes um peixe arrancado ao mar? Então faz os tratamentos de todos os dias e mais o Paracetamol e/ou Nolotil. Come. Bebe o copinho de tinto de todos os dias e deita-te. Não careces de teste nenhum. Não careces e de ir espalhar a tua angústia e a tua doença por todo o lado.

O teste é um meio académico de identificação dos portadores, mas não cura, não trata, não melhora! Não muda a doença. Se é para te alterar o comportamento és tonto. O teu comportamento deve ser sempre o de um teste positivo quer sejas quer não. Vir encher os hospitais para fazer testes que não têm nenhuma importância para a sequência da doença é obtuso. O teste é importante para nós, no SNS, estudarmos a epidemia e isolar os casos graves e proceder em conformidade porque o vírus é de facto muito contagioso.
Mas para o doente que descobre que está positivo o que vai variar? Há tratamentos específicos? Não! Há ensaios e isso nunca foi tratamento. Há uma resposta imune do doente há doença? Há e é ela que o cura – tu curaste sozinho em 85% das manifestações desta doença. TU, sozinho! Então fiquem na varanda ao sol, apanhem calor, comam o que gostam, controlem a febre (as dores musculares normalmente são manifestações da febre) não andem enrolados com as pessoas da casa. Se possível, quando usarem uma casa de banho – limpem-na e desinfetem para os outros. É indesculpável a sanita suja das vossas excreções carregadas de vírus (procedam sempre como se tivessem).

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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