Guerra pela sobrevivência

Estar de quarentena não é estar de férias, é lutar pela vida.

O Governo impôs um plano de choque para enfrentar a pandemia do Covid-19. Decretou a partir de segunda-feira o encerramento de escolas, creches e universidades durante um mês. Mas não se percebe porque não o fez a partir já de hoje, sexta-feira. É evidente que a próxima semana, e o próximo mês, serão de propagação exponencial do coronavírus, mas já devia haver uma posição de defesa de isolamento e de mitigação da propagação, com o encerramento de todos os locais onde possa haver muitas pessoas.

António Costa falou em «luta pela nossa própria sobrevivência» e de que esta será uma batalha de todos. Pois todos temos de reagir em conformidade, evitando comportamentos de risco e assumindo que é a vida, a nossa e a dos demais, que está em causa. E temos de ser mais rápidos na implementação do plano de choque. Não devemos deixar para amanhã. Temos de responder já ao ataque do Covid-19.

Para Fernando Carvalho Rodrigues (em entrevista em https://www.ointerior.pt/sociedade/e-preciso-usar-metodos-da-guerra-biologica-para-travar-o-coronavirus-diz-carvalho-rodrigues/) esta será uma luta pela sobrevivência. O cientista diz mesmo que vivemos um momento de enormes dúvidas em que temos de reagir com serenidade, mas de forma determinada, porque «estamos a viver uma guerra biológica» onde o homem tem de ficar isolado para não ser atacado.

Podemos ouvir e olhar para o lado, podemos ir à praia quando as aulas são suspensas, podemos acreditar que os médicos e técnicos de saúde resolverão o assunto quando batermos às portas do hospital; ou podemos ter comportamentos responsáveis, ficar em casa, ter cuidados higiénicos redobrados, evitar contacto físico e locais com muitas pessoas…

E exigir maior vigor às autoridades.

Os comboios continuam a circular sem serem devidamente limpos com lixívia (como vimos fazer na China e em outros lugares onde se está a combater de forma determinada o ataque do coronavírus), os camiões continuam a transportar  livremente pela A25 as suas cargas e eventualmente vírus, a monitorização de quem entra no país continua a não ser feita, continuamos a tossir para o ar e a cuspir para a funcionária que nos atende, etc.

A mensagem do Professor Fernando Carvalho Rodrigues é alarmista? É, como o próprio diz, mas em tempo de guerra não se limpam armas, recorre-se a todos os meios para conter o inimigo, e à falta de armas para combater o inimigo (ainda não há vacina) a primeira opção é ficarmos escondidos, serenamente, na nossa casa e só sairmos pelo estritamente necessário. Atrasar a pandemia é dar tempo à ciência para combater o vírus. E é permitir que os serviços de saúde possam responder com efetividade e de forma orquestrada e planificada a um inimigo desconhecido, mas mortífero. Estar de quarentena não é estar de férias, é lutar pela vida.

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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