Guarda, os fatores de (di)visão de 20 anos

Escrito por Henrique Monteiro

Falar do Interior n’O INTERIOR ou de O INTERIOR no Interior pode parecer uma redundância, reforçada com o recurso ao pleonasmo, mas é um facto em que os factos contam.
O primeiro facto é o de O INTERIOR ser uma voz ativa no Interior; outro facto é o de neste nosso Interior ninguém ser indiferente a O INTERIOR. É assim desde há vinte anos com O INTERIOR. Em boa hora ele nasceu no Interior.
Duas décadas é muito tempo e são um marco de longevidade num órgão de comunicação social. No Interior a sobrevivência é algo difícil para os que aqui resistem e persistem e isso também é verdade para O INTERIOR que luta e é, ele próprio, uma luta do Interior. É uma luta desigual porque são diferentes os meios e os contextos, as pressões e as equações. Numa equação terá que existir sempre uma igualdade entre dois membros e um ou mais números (as incógnitas), cujo valor se desconhece. No Interior, as incógnitas são muitas, as certezas poucas e apenas registamos inexistência de igualdade.
Nestes vinte anos de O INTERIOR no Interior tem sido uma redundância falar daquilo que mais afasta e castiga o Interior. Essa também tem sido uma missão de O INTERIOR.
Neste período de tempo, também a Guarda sedeada e ela mesma sede de O INTERIOR se tem assumido como uma redundância. E o mais redundante tem sido o declínio populacional e económico. Uma redundância traduzida por uma espécie de confinamento a que fomos condenados, numa epidemia que nos assola há mais de vinte anos, causada pelos vírus do centralismo da capital e o do litoral e para os quais ainda não há vacina que anule a sua agressividade.
Nem os discursos eloquentes, mas redundantes e pleonásticos, que insistiram e insistem em “localização estratégica” e em “novas centralidades” conseguiram ou conseguem reforçar essas noções e dar-lhes expressividade ou melhor dizendo, consistência, curando esta nossa pandemia.
Não garantindo a cura, o pleonasmo torna-se assim coisa fútil e superficial, assumindo-se como de natureza viciosa, que acaba numa redundância desnecessária e que não agrega valor ao que está sendo dito ou escrito.
Podendo ser redundante, digo que a Guarda é hoje uma redundância. É aquilo que fizeram dela os pleonasmos viciosos repetidos durante vinte ou mais anos.
Neste tempo a Guarda podia ter somado, mas apenas sumiu. Em vinte anos deixou sumir mais de seis mil pessoas. Com as pessoas sumiu economia. Ao sumir a economia, sumiu a importância estratégica e percebemos que para a Guarda nunca houve, nem há, estratégia, nem se salvou a localização estratégica. Para a Guarda faltou visão e sobrou (di)visão.
Na (di)visão poderíamos ter sido dividendo e não fomos; poderíamos ter sido divisor, mas nem isso e a quociente também não chegámos. Fomos apenas resto e o que sobrou é muito pouco. São menos cerca de seis mil que éramos e deixamos de ser. É um resto negativo.
Salve-se O INTERIOR que não sumiu e somou. Somou anos, somou prestígio e consolidou o seu espaço no Interior.
Parabéns ao seu diretor e a toda a equipa de colaboradores.

* Presidente da Comissão Política Distrital do CDS-PP da Guarda

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Henrique Monteiro

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