Fred Sanger: um cientista dois Prémios Nobel

Escrito por António Costa

“Fred Sanger, que faleceu a 19 de novembro de 2013 em Cambridge (Inglaterra), aos 95 anos, foi um dos cientistas mais relevantes e influentes da segunda metade do século XX.”

No último texto publicado neste espaço olhamos para o Prémio Nobel da Física 2020. Hoje olharemos para um dos poucos cientistas que repetiu essa façanha, ganhando dois Prémios Nobel.

Todos os anos, os Prémios Nobel são entregues em Estocolmo, a não mais de três pessoas relevantes em áreas como a física, a química, a fisiologia ou medicina, a economia e a literatura. Também todos os anos, é entregue, em Oslo, o Prémio Nobel da Paz. Embora tenha havido, de facto, organizações que foram laureadas em mais de uma ocasião com o Nobel da Paz, como a Cruz Vermelha Internacional ou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, apenas quatro pessoas, todas elas investigadores, foram duplamente laureadas com Prémios Nobel. Trata-se de J. Bardeen (Prémio Nobel da Física em 1956 e em 1972), M. Curie (Prémio Nobel da Física em 1903, e da Química em 1911), L. Pauling (Prémio Nobel da Química em 1954, e da Paz em 1962) e do protagonista desta crónica, Frederick Sanger (Prémio Nobel da Química em 1958 e 1980).

Fred Sanger, que faleceu a 19 de novembro de 2013 em Cambridge (Inglaterra), aos 95 anos, foi um dos cientistas mais relevantes e influentes da segunda metade do século XX. Em 1958, foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Química por ter concebido um método para sequenciar proteínas (determinar a ordem com que os seus aminoácidos aparecem) que lhe permitiu, em concreto, explicar a sequência da insulina, uma hormona essencial no metabolismo da glucose. Ora, esta tecnologia continua a ser usada e é conhecida por “método de sequenciação de Sanger”.

Foi galardoado pela segunda vez, em 1980, pela sua contribuição para a determinação da sequência de ácidos nucleicos, dado que concebeu e otimizou um método que ainda hoje é o mais utilizado e que, curiosamente, também é conhecido como “método de sequenciação de Sanger”. Fred Sanger foi mais uma personagem singular, como demonstra o facto de, apesar de ter sido um dos maiores cientistas de todos os tempos, se definir a si mesmo «só como um tipo que gosta de fazer remendos no laboratório».

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António Costa

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