Férias…

Escrito por Albino Bárbara

É tempo de férias. Vamos pra férias que ainda é tempo e o tempo é coisa deveras interessante. Tempo para uma realidade que tem de ser, se não… já era.
Vamos então aproveitar. Alargar horizontes e aprofundar criticamente a tranquilidade.
Fazer as malas, meter lá dentro todos os livros que durante o ano não fomos capazes de ler. Borrifar para todas as tecnologias de informação, numa de paz e sossego. Deitar para trás das costas os tricos, ditos e mexericos da política caseira.
Nesta crónica dos bons costumes é sempre bom recordar que continuamos a ser animais de hábitos e que o comportamento tem de encaixar nas normas e condutas que a sociedade aceita mesmo que o olhar crítico para as coisas insignificantes não seja relevante da nossa conduta quotidiana.
Fica assim por apurar a percentagem dos nossos concidadãos que não fizeram férias por falta de recursos ou ainda aqueles que, embora tirassem uns dias de descanso, não assumem que foram dias de aperto contrastando com os tais de dias inesquecíveis, de lugares paradisíacos, onde se gasta uma pipa de massa. E, por último, referir todos aqueles que fazem questão de exibir nas redes sociais imagens de belíssimos recantos, restaurantes que não frequentaram, hotéis de um firmamento de estrelas onde nunca estiveram, num tempo hipoteticamente aprazível, com o simples intuito de dar mostra ao seu círculo social.
Nesta crónica que poderia muito bem ser de um amor louco, de uma morte anunciada, do conhecido rei pasmado ou mesmo a dos bons malandros, tudo isto na presença de “les uns et les outres”, qual circo de sonhos ou de horrores, ganha efetivo destaque a família Lucchese, o palhaço risota, o homem petróleo, o rapaz repetente repetitivo, o velho serrano, e as ginastas sempre em bicos de pés, o metade de 14, os gémeos xifópagos, o delegado mandante, os moços de recados, os visivelmente esperançados e isto sem esquecer a mulher paraquedista.
Férias são férias pese embora toda esta clique circense circule por aí meia azafamada, tentando unir famílias desavindas num processo político que espremido (quase) nada dá, percebendo que o circo do lado é em (quase) tudo idêntico à tal galinha da vizinha (sempre melhor que a nossa) e, aí sim, temos a presença da afamada estrelinha rabo-de-cavalo, ficando convictamente ciente de uma única coisa: só o amor é que não tira férias.
Regresso ao Vosso convívio em meados do próximo mês. Com os votos sinceros de um ótimo descanso, faço minhas as palavras do saudoso conterrâneo Sousa Veloso: “Despeço-me com amizade”. Até lá…

Sobre o autor

Albino Bárbara

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