Farmácias e boticas da Guarda

Escrito por Francisco Manso

“A primeira botica, devidamente organizada, foi, sem dúvida, a da Santa Casa da Misericórdia. De boticários ficou a memória de muitos, mas, da maior parte, pouco mais que o nome.”

Qual teria sido a primeira botica e o primeiro boticário da Guarda? A primeira botica, devidamente organizada, foi, sem dúvida, a da Santa Casa da Misericórdia. De boticários ficou a memória de muitos, mas, da maior parte, pouco mais que o nome.

Farmácia da Misericórdia

A primeira botica da Santa Casa da Misericórdia da Guarda foi criada em 1870. Representou um grande esforço financeiro, mas foi também um salto qualitativo no seu funcionamento. Ao farmacêutico, responsável técnico e administrador, como por vezes era designado, competia preparar e fornecer os medicamentos solicitados pelos dois médicos, e que seriam administrados pelo único enfermeiro.
O primeiro farmacêutico, contratado pela Mesa em 1870, terá sido Jorge Paes. Em 1872 era seu praticante Carlos de Oliveira que veio a ser administrador de vários concelhos, jornalista e autor de uma importante obra sobre a Guarda, e no ano seguinte um seu irmão, Germano de Oliveira, figura destacada da política e do jornalismo.

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1. Farmácia da Misericórdia. Col. Ana Manso

Ficava situada no mesmo local onde ainda hoje se encontra a Farmácia da Misericórdia, no sítio mais central da cidade, o que permitia um fácil acesso a todos os clientes. Eram instalações acanhadas e que ainda serviam de dormitório para os praticantes.
Em 1880 foi contratado Vicente José de Seiça, que virá a ser uma das figuras mais destacadas da farmacopeia em Portugal. Comprava as drogas para preparação dos medicamentos no Porto, mas, como houvesse elevadas dívidas com alguns desses fornecedores, foi autorizado a fazê-lo noutras farmácias da cidade.

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2. Prof. Doutor José de Seiça

Farmácia Leal

António Rodrigues Leal, filho de Jerónimo Rodrigues Leal e de Emília de Jesus Amaral, nasceu na Guarda a 2 de novembro de 1878. Em 1893 abriu uma farmácia na Rua do Comércio, onde também tinha a sua residência. Irá dar origem à Farmácia Leal, Carvalho & Companhia. Nela trabalhou o comandante Salvador do Nascimento.

Farmácia Marques

Manuel Marques dos Santos, natural da Guarda, estabeleceu a sua farmácia em 1887, no prédio do “sr. Vinhas dos jornais”, figura destacada da cidade, nascido em Aldeia da Ponte.

Farmácia Martins

José Maria Martins, filho de Bernardo Martins Pobre, nasceu em Santa Maria da Porta, Melgaço, em 1860. Farmacêutico de 3ª classe e alferes de reserva, instalou-se na Guarda, onde abriu farmácia. Teria sido antes de 1885, pois já então era sócio do Montepio Egitaniense. Ali praticaram Orlindo de Carvalho, Alfredo Freire Ruas e Salvador do Nascimento, avaliados em 1897.

Farmácia Monteiro

João Lourenço Monteiro, filho de Manuel Lourenço e Bernarda Monteiro, nasceu em 17.3.1833, na Arrifana. Casou com Maria da Glória Sampaio, filha de José Nunes de Sousa Sampaio e Maria Cândida das Póvoas, da Guarda.
Ainda antes de 1880 já se encontrava instalado com farmácia na Praça Velha.
Na sua botica foi aprendiz e praticou o seu filho, António Lourenço Monteiro, que também veio a ser farmacêutico.

Farmácia do Montepio Egitaniense

Criada em 1906, era uma farmácia privativa do Real Montepio Egitaniense. Na altura, foi considerada uma grande conquista pelos seus associados, mas, décadas mais tarde, acabou por deixar caducar o alvará por se encontrar encerrada há mais de dois anos. Eram novos tempos a antever a extinção do próprio Montepio Egitaniense, uma das maiores e mais prestigiadas instituições da Guarda.

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3. Montepio Egitaniense. Col. Ana Manso

Farmácia Nova

Pertencia a António da Costa Veiga, que a abriu em 1880. Ficava na Rua da Estrada Nova, uma das mais centrais da cidade.

Farmácia do Sanatório Sousa Martins

Foi criada em 1907, ao mesmo tempo que o próprio sanatório, num edifício próprio, partilhado com o equipamento de Raios X, central em relação aos outros pavilhões.

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4. Pavilhão da Farmácia e Raios X. Col. Ana Manso

* Investigador da história local e regional

Sobre o autor

Francisco Manso

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