”Quero todos. Não quero optar, não quero escolher, não aceito a oportunidade que me apaga caminhos. Ser inteiro é ter todas as opções. Ser completo é picar aqui e ali, tirar o pólen de todas as flores, bicar de todos os pratos». Ouvi-lhe.
– Ninguém gosta muito de ti por essa razão, retorqui.
A vida são escolhas, e estas trazem o custo das janelas que se encerram. Não podes ter todos os carros do mundo, nem todas as casas de que gostas, nem levar para casa todas as desnecessidades que te empertigam. Se não optas, a vida enche-se de tal modo que não podes circular. É como o coletor que não deixa um caminho e dorme na garagem. Não se desfaz de nada e vai acumulando mais. Chega um momento em que não tem espaço de liberdade, porque a liberdade o tolheu de não ter optado.
As crianças, numa certa idade, desejam os brinquedos todos, empurram as outras porque não abrem mão, mas já não há pés nem mãos para agarrar os brinquedos.
Por fim largam, zangados. A vida é uma opção constante entre ter e deixar.
A ideia religiosa primordial é também uma escolha entre caminhos de bem e mal. A religião devia ser a descoberta da fé. Tem ou não tem, de modo único, pessoal e intransmissível.
Há uma estranha opção nas religiões, evangelizar! Induzir caminhos, projetar ideias e crenças para moldar. Porque os queremos “instruir”, ou trazer a uma opção? A doença das religiões parece-me sempre esta: – mexer no tecido alheio para o converter no meu.
Evangelizar como dúvida
“A vida são escolhas, e estas trazem o custo das janelas que se encerram. Não podes ter todos os carros do mundo, nem todas as casas de que gostas, nem levar para casa todas as desnecessidades que te empertigam. Se não optas, a vida enche-se de tal modo que não podes circular. “