Ensino Superior, democracia e desenvolvimento

Escrito por Joaquim Brigas

“E, através deles, serão atraídos jovens de outras regiões, proporcionando-lhes uma alternativa à emigração.”

É hoje mais clara que nunca a importância do 25 de Abril. Portugal tornou-se outro país e deve-o, também, ao desenvolvimento que o ensino superior imprimiu ao seu território. Ao longo deste quase meio século de vida democrática, as instituições de ensino superior apoiaram o crescimento económico e o desenvolvimento social das regiões em que estão implantadas.
Nos últimos anos, o Politécnico da Guarda abriu-se à proteção do território, à construção sustentável, à indústria 4.0, às funções fiscalizadoras do Estado, aos agentes sociais, às IPSS, às instituições de saúde, às entidades desportivas, aos profissionais da educação, aos produtores de cultura. Tem aberto novas licenciaturas, novos cursos técnicos superiores profissionais – CTESP e novas pós-graduações. Há uma semana, o Laboratório Colaborativo em Logística liderado pelo Politécnico da Guarda viu aprovado um financiamento de 1,3 milhões de euros da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia.
O Politécnico da Guarda produz conhecimento com potencial de valorização económica, o qual está a ser transferido para os agentes no terreno, através de parcerias com empresas que visam a transferência de tecnologia e o aumento de competitividade. É por isso que o Politécnico da Guarda vai criar um ecossistema tecnocientífico avançado que se estenderá pelos concelhos do distrito da Guarda, através de parcerias com as câmaras municipais, para a instalação de incubadoras de empresas.
O empreendedorismo de origem académica está na base de clusters em novas atividades intensivas de conhecimento, sendo que os spin-offs induzidos pela academia têm gerado no país e na região importantes benefícios económicos locais e regionais devido a atividades inovadoras que tornaram as empresas do Interior mais competitivas no mercado.
No passado dia 25 de Abril, o IPG celebrou um Protocolo de Cooperação com o município da Mêda, o qual passará pela descentralização do ensino superior para aquele território. A descentralização passará também afetação de docentes e de investigadores do IPG aos projetos que forem lançados, nomeadamente os que se relacionarem com o apoio à instalação e ao funcionamento de novas empresas.
O passo dado na Mêda deverá ser replicado noutros concelhos, juntando a ciência e o ensino superior ao potencial empreendedor que existe em cada um deles. A descentralização do Politécnico da Guarda pretende, em primeiro lugar, facilitar o acesso ao ensino superior a mais cada vez mais jovens em cada município, sem que estes tenham de sair do seu território. Mas, com o seu apoio direto à atividade empresarial, o IPG contribuirá também para a fixação desses mesmos jovens qualificados nas suas terras de origem. E, através deles, serão atraídos jovens de outras regiões, proporcionando-lhes uma alternativa à emigração.
A capacidade de o Politécnico da Guarda prestar serviços avançados ao tecido económico local e regional reforçará a coesão territorial em todo o distrito. Será a forma do IPG contribuir – através do conhecimento e da ciência – para o cumprimento dos ideais do 25 de Abril.

* Presidente do Instituto Politécnico da Guarda

Sobre o autor

Joaquim Brigas

Leave a Reply