Elogio a Almeida, Elvas, Marvão e Valença

Escrito por Acácio Pereira

Os bons exemplos são tão raros que, quando sucedem, implicam um imperativo ético de os divulgar e de sublinhar as suas virtudes.
Na passada quinta-feira os municípios de Almeida, Elvas, Marvão e Valença anunciaram a formalização perante a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO da candidatura conjunta a património mundial das “Fortalezas Abaluartadas da Raia”.
Repare-se: quatro municípios fronteiriços diferentes – das regiões do Minho, da Beira Alta e do Alto Alentejo – sem nenhuma plataforma formal onde se reúnam habitualmente, inventaram uma forma criativa de valorizarem o património que têm nos seus territórios. Qualquer um dos seus autarcas merece elogios pela capacidade de agir, de forma coordenada, a uma escala multimunicipal.
Segundo a nota divulgada, a candidatura das Fortalezas Abaluartadas da Raia foi «conduzida, coordenada e preparada em estreita colaboração com as comunidades locais dos municípios de Almeida, Elvas, Marvão e Valença, através dos seus representantes, com equipas multidisciplinares de distintas competências, e com a colaboração de investigadores e especialistas de várias instituições de ensino superior».
Segundo ponto a realçar: o envolvimento da sociedade civil, a qual não só tem competências que muitas vezes são desaproveitadas, como também é aquela que melhor vocação e capacidade tem para rentabilizar economicamente os benefícios, nomeadamente turísticos, da valorização e da publicidade do património existente.
Na crónica anterior falei da necessidade de uma nova forma de fazer política por parte dos municípios, única via para inverter os indicadores recessivos das regiões interiores do país. Esta candidatura é um bom exemplo da atitude que é necessária!
Para que este caso continue a ser exemplar sugere-se que as quatro autarquias continuem a trabalhar em parceria antes e depois da desejável declaração de Património Mundial. O estudo histórico-científico das fortalezas, a preservação e valorização das mesmas, a candidatura a fundos europeus, a procura de investidores (grupos hoteleiros ou promotores de espetáculos, por exemplo), a promoção de um circuito nas feiras turísticas internacionais, e outras possibilidades podem e devem continuar a ser feitas em conjunto, a quatro vozes e a oito mãos.
Se a candidatura à UNESCO, em vez de um fim, for o começo de uma parceria estratégica entre Valença, Almeida, Marvão e Elvas teremos, efetivamente, um exemplo excelente de uma nova forma de fazer política.

* Dirigente sindical

Sobre o autor

Acácio Pereira

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