Eleições Europeias – Uma visão geral

“A primeira conclusão que se pode retirar é que este nível de abstenção pode levar a uma distorção da leitura dos resultados, impedindo de aferir com rigor o real valor e implantação das famílias políticas europeias.”

Entre os dias 6 e 9 de junho decorreram, no seio dos países pertencentes à União Europeia (UE), as eleições que definem a constituição do Parlamento Europeu para o próximo quinquénio.
No presente artigo tenciono apresentar uma leitura no cenário europeu, ainda que com algumas extrapolações para Portugal. Em primeiro lugar, cumpre afirmar que cerca de três quartos da legislação portuguesa provém das instituições da UE, a maior parte provém deste órgão, o único eleito pela população europeia. Esse facto seria, por si só, fundamental para levar os eleitores às urnas a exercer o direito e cumprir o dever cívico de votar. Não se verificou!
A média de participação eleitoral na Europa ficou abaixo de 51% (50,93%), tendo Portugal ficado pelos 36,6%. Abaixo de Portugal somente seis países (Bulgária, Chéquia, Croácia, Eslováquia, Letónia e Lituânia), demonstrativo do reduzido interesse que estas eleições provocam nos cidadãos europeus e, por maioria de razão, nos cidadãos nacionais. A primeira conclusão que se pode retirar é que este nível de abstenção pode levar a uma distorção da leitura dos resultados, impedindo de aferir com rigor o real valor e implantação das famílias políticas europeias.
Apesar do que acima referi, convém olhar para os resultados eleitorais, comparando-os com os de 2019. O Partido Popular Europeu – PPE (onde se integram o PPD/PSD e o CDS/PP, que elegeram 7) obteve 186 lugares que confrontam com os 176 da legislatura anterior. A Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas – S&D (que inclui o PS, elegendo 8) obteve 135, contra os 139 de 2019. O Renew Europe – RE (onde se irá sentar a IL, com 2 eleitos em Portugal) obteve 79, em oposição aos 102 em 2019. Os Conservadores e Reformistas – ECR obteve 73, tendo conseguido em 2019 somente 69. O Grupo Identidade e Democracia – ID (onde se irá sentar o partido Chega!, e que elegeu 2) passou de 49 em 2019 para 58 este ano. Os Verdes/ALE passaram de 71 (o Livre e o PAN não conseguiram eleger) para 53. O Grupo da Esquerda – The Left (que inclui o BE e a CDU, elegeram 1 cada) passou de 37 para 36.
Assim, em termos europeus, verificamos uma subida das famílias políticas da direita (ECR e ID), com mais 13 eurodeputados e do centro-direita (PPE), com mais 10 eurodeputados. Os partidos do centro-esquerda (RE), esquerda moderada (S&D, Os Verdes/ALE) e da esquerda radical (The Left) perderam 46 lugares no Parlamento Europeu. Pode-se verificar que as três maiores famílias políticas europeias, o PPE, S&D e RE, mantêm a maioria dos lugares no Parlamento, o que nos leva a induzir que não iremos assistir a um quinquénio de reformas, mantendo-se o “status quo” de até agora. No entanto, o avanço das famílias da direita (ECR e ID), aliado ao recuo significativo das esquerdas, poderá trazer uma luz de esperança para os que, como eu, acreditam num projeto de paz e liberdade assente numa Europa de nações livres e soberanas, repudiando agendas globalistas, que nos privam da liberdade individual em busca de uma qualquer agenda igualitária e identitária. Estou certo de que os dois eurodeputados eleitos pelo partido Chega! para tal contribuirão.

* Deputado do Chega na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

Sobre o autor

Nuno Simões de Melo

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