E se estivermos errados?

Escrito por Diogo Cabrita

«Depois de os colocar percebi que o turvo que tinha eram cataratas e por isso os óculos não serviram para nada»

Eu acreditei nas vacas loucas e na histeria que se lhe seguiu. Aceitei os milhões de animais abatidos e queimados. Eu critiquei o ministro que comia a mioleira. Eu acreditei nas armas nucleares do Iraque e depois entendi a invasão. Eu acreditei na gripe das aves e na compra inimaginável de vacinas que deitámos posteriormente ao lixo. Eu acreditei no sars cov 2 que se propaga dos visons e compreendi o abate de 15 milhões destes animais. Eu compreendi as negociações com o poder da Libéria para chegar à paz, mas já existiam milhões de mortes. Eu aceitei que tínhamos de travar o avanço comunista e fui combater no Vietnam, no Laos e no Cambodja. Eu fui à guerra colonial para honrar Portugal e acreditei na exemplar descolonização. Eu entendi Cavaco Silva quando me disse que o BES era seguro e estável. Eu percebi António Costa e o governo da maioria parlamentar, mas já me parece estranho que se zangue tanto nos Açores. Eu aceitei as leis de proteção de dados, mas já me custa não saber quem controla os fundos que enriquecem com o Novo Banco. Eu descobri tarde demais que precisava de óculos porque não via. Depois de os colocar percebi que o turvo que tinha eram cataratas e por isso os óculos não serviram para nada.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

Leave a Reply