Os 49 anos da Revolução de Abril estão próximos graças à determinação dos Capitães de Abril, e apoio na altura do povo humilhado e explorado, muitos deles, interpretando o profundo sentimento dos trabalhadores e do povo, desferiram o golpe militar que pôs fim à ditadura fascista, restabeleceu as liberdades e abriu caminho para a instauração do regime democrático.
Como comunista e dirigente sindical da grande central sindical, a CGTP-IN, tenho o dever de enaltecer o grande momento de massas após a Revolução, o grande 1º de Maio em liberdade, data histórica que deu um impulso revolucionário na luta de massas com expressão à imensa alegria e orgulho de quem, vivendo e lutando contra a opressão e a tirania fascista, ali estava para assumir a sua participação no processo revolucionário e selar a aliança Povo-MFA.
Volvidos estes anos, é fundamental defender com confiança os valores de Abril, é dever dos que acreditam nas conquistas de Abril dar combate ao inimigos do 25 de Abril, infelizmente na casa da democracia há muitos inimigos, uns de forma declarada, outros anos e anos timidamente a claudicar. A estes dirijo-me e relembro que os seus antepassados políticos estiveram lado a lado, nomeadamente os católicos progressistas, comunistas, socialistas, para travarem caminhos de convergência no combate à ditadura fascista, é fundamental exaltar estas duas datas históricas fundamentais para os portugueses, principalmente para os que acreditam genuinamente no emanado da Revolução do 25 de Abril.
Desde então, quem acredita genuinamente nesses valores revolucionários nunca poderá abandonar quem trabalha, na voz e na luta, e todos aqueles e aquelas que ambicionam a construção de uma sociedade mais justa, baseada nos valores da justiça, da igualdade, da solidariedade e do progresso económico e social – os valores de Abril.
Vamos comemorar Abril! Abril e Maio de novo com a força do Povo!
Mas não basta comemorar é fundamental aprovar políticas a favor de quem trabalha; ao PS não basta criticar a direita e a extrema-direita quando não é consequente, mais ainda quando, na Assembleia da República, vota ao lado do PSD/CHEGA/IL. Prossegue, com consequências negativas na vida dos trabalhadores, do povo e do país, uma política caraterizada pela ausência de respostas aos graves problemas com que estes se veem confrontados. De facto, as opções do governo do PS de maioria absoluta – indissociáveis das que são partilhadas por PSD/CHEGA/IL nas questões essenciais – são responsáveis pelo agravamento das injustiças e desigualdades sociais, em consequência, por um lado, da desvalorização dos salários e pensões e, por outro, da acumulação dos lucros chorudos por parte dos grupos económicos e das multinacionais.
Os preços dos alimentos, da energia, da habitação, da saúde, das comunicações, das taxas e comissões bancárias, entre outros, continuam a subir, levando a que as condições de vida dos trabalhadores se continuem a degradar, com uma acentuada perda do seu poder de compra e o consequente aumento da pobreza e das situações de privação de acesso a bens e serviços essenciais, como é o caso da habitação e da saúde.
Temos que ser consequentes e construirmos uma convergência genuína para implantar todos os valores de Abril, muitos dos quais ainda são apenas letra constitucional, mas que é urgente serem o farol da refundação da democracia popular do 25 de Abril.
* Dirigente do PCP da Guarda, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e da União de Sindicatos da Guarda