Falta pouco para as eleições e só tenho uma certeza: vamos ter o pior parlamento de sempre e o pior governo desde Santana Lopes. Os candidatos e os partidos têm feito os impossíveis para nos demonstrar precisamente isso, e quem somos nós para não acreditar neles?
O PS apresenta-se com um novo presidente, de quem a maior parte dos eleitores recordará apenas as trapalhadas da TAP e, na parte que nos toca, a paragem por demasiado tempo da Linha da Beira Alta. Fora isso são promessas em todas as direções, começando na recuperação do tempo de serviço dos professores e acabando na extinção das portagens nas ex-SCUT. A sua única verdadeira vantagem competitiva parece ser a baixa qualidade dos outros, comparada com ele, mas isso pode não chegar.
A AD quer ganhar o campeonato das promessas. Quer dar tudo a todos, menos eliminar as portagens da Beira Interior (de resto, nada propõe sobre a nossa região). Quer também baixar os impostos, na forma pouco original de “choque fiscal”. É uma boa tentativa, mas há muitos eleitores que ainda se lembram de propostas semelhantes de Durão Barroso (que depois de subir os impostos abandonou o barco e fugiu para Bruxelas) e de Passos Coelho (que chumbou o PEC 4 com o argumento de que a solução para a crise era um “choque fiscal” e que, depois de ganhar as eleições com essa promessa, subiu todos os impostos e inventou mais alguns). Propõe-se cumprir tudo isso com crescimentos anuais do PIB na ordem dos 3,4%, o que toda a gente já percebeu ser impossível. Uma consequência boa dessa estratégia é que já há desculpa para o mais que previsível incumprimento das promessas: o PIB só subiu 2%, (ou 1%, ou nada) pelo que por enquanto não podemos cumprir… Um último pormenor: Montenegro não fará nunca acordos com o Chega, mas há tanta gente na AD que pensa o contrário, ou que abraça as causas do Chega, que esta vai de certeza ser uma das primeiras promessas a cair.
O Chega dá tudo a todos, mesmo àqueles que não pediram nada, e vai buscar o dinheiro necessário aos lucros da banca, à corrupção e à economia paralela. Não diz é como, ou então diz banalidades tão vazias de conteúdo ou viabilidade que é como se não tivesse dito nada. Um exemplo: a pensão mínima vai ser de 820 euros no espaço de uma legislatura. Para isso ter sentido todas as outras pensões e salários deveriam aumentar também, sob pena de muitos abandonarem o mercado de trabalho ou de se criarem distorções graves na lógica do sistema. Para além disso as pensões devem ser pagas pela Segurança Social e não pelo Orçamento Geral do Estado e, portanto, para financiar a Segurança Social de modo a que se consigam pagar essas pensões há que receber mais, muito mais, do que quem paga contribuições e quotizações.
A Iniciativa Liberal acha que há uma resposta liberal para todos os problemas. É como na velha anedota: para quem só tem um martelo como ferramenta, todos os problemas são parecidos com pregos.
A esquerda, à excepção do Livre, quer declaradamente sair da NATO e considera a sério sair também da União Europeia, embora ainda não tenha coragem de o dizer. O Ocidente continua a ser o inimigo e o principal culpado de tudo quanto há de mau no mundo. Também querem dar tudo a todos, no setor público ou no privado, e já, aumentando salários e pensões. Acham também, embora não o digam abertamente, que a solução para a guerra na Ucrânia passa por uma vitória da Rússia.
Todos em geral prometem o mesmo: o aumento dos rendimentos e a descida dos impostos. Consequências da fraca literacia portuguesa na área das matemáticas, da lógica e das ciências?
E alguém acredita neles?
“Todos em geral prometem o mesmo: o aumento dos rendimentos e a descida dos impostos. “