Doença venosa crónica: evite complicações

Escrito por André Marinho

O termo “doença venosa crónica” é utilizado para caracterizar sinais e sintomas resultantes de alterações no funcionamento do sistema venoso periférico com longa duração. Esta patologia atinge cerca de 60 por cento da nossa população e acarreta um significativo impacto na qualidade de vida dos doentes.

Habitualmente, ocorre uma disfunção das válvulas do sistema venoso superficial resultando num aumento da tensão venosa nos membros inferiores que origina veias dilatadas e tortuosas a que chamamos varizes. As varizes correspondem apenas a uma das várias manifestações desta patologia, que podem ir desde os conhecidos “derrames”, até edema (inchaço), alteração da coloração da pele da perna ou, ainda, aparecimento de úlceras ou feridas.

Torna-se necessário um acompanhamento médico regular para travar a evolução desta doença e evitar complicações. Neste contexto de pandemia temos assistido a uma redução da procura de cuidados de saúde o que traz consequências negativas a todos os níveis. E com a aproximação de um inverno que se prevê exigente, com uma eventual segunda vaga de Covid-19, a população deve preparar agora esta última estação do ano e retomar as rotinas de saúde.

A doença venosa crónica apresenta uma certa sazonalidade, sendo que, no verão, por um aumento da temperatura ambiente, ocorre, habitualmente, uma exacerbação dos sintomas. Contudo, é de salientar que, no inverno, hábitos como a utilização de aquecedores e lareiras, e a tendência da população para diminuir a realização exercício físico e aumentar a ingestão calórica também podem levar à persistência das queixas e eventual progressão da doença.

Entre os vários fatores de risco, temos aqueles passíveis de correção, como obesidade e o sedentarismo, e os que se consideram inalteráveis, como a história familiar, a idade, o género, a gravidez, entre outros.

Assim, mostra-se fundamental consultar um especialista, atempadamente, para saber qual a melhor forma de aliviar os sintomas e evitar complicações, como flebites ou hemorragia por trauma/ulceração. De base, assume-se de extrema importância manter uma rotina diária com medidas que visam preservar uma pele saudável, exercício físico regular, elevação dos membros inferiores quando em repouso e uso diário de contenção elástica, de acordo com prescrição médica.

Ao nível do tratamento, o desenvolvimento que tem ocorrido nesta área, permite-nos dispor de várias alternativas terapêuticas que nos dão a possibilidade de fazer uma abordagem personalizada a cada doente. Em determinados casos poderá estar indicado o recurso à cirurgia, através de técnicas convencionais ou outras mais recentes, menos invasivas, que visam conseguir um alívio dos sintomas, evitar possíveis complicações e melhorar o aspeto estético do membro.

Procure agora o seu médico e cuide da sua saúde. Os hospitais têm medidas de segurança implementadas pelo que não deve adiar a procura de resposta clínica seja para uma consulta, exame ou tratamento.

* Cirurgião vascular do Hospital CUF Viseu

N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.

Sobre o autor

André Marinho

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