Direita torpe e torta

Escrito por Diana Santos

As últimas semanas revelaram o nível político de determinados atores do concelho da Guarda, evidenciando o motivo do nosso atraso social. Longe vão os tempos em que a política era feita pelos mais capacitados. Hoje, parece preferir-se a delinquência à competência e o engano à verdade.

Assistimos a um caso gravíssimo, praticado pela concelhia do PSD da Guarda, em que se manipula uma notícia dada pelo jornal Observador, alterando-se o seu conteúdo para passar uma mensagem falsa, com o objetivo de atacar e denegrir gratuitamente a honra de uma deputada de outro partido. Significa isto que a concelhia do PSD da Guarda falsificou uma notícia para enganar os cidadãos Guardenses. Confrontados com o ato cometido, pelo jornal Observador, depressa eliminaram a imagem da notícia que falsificaram, mas mantiveram outras do mesmo nível rasteiro. De forma a esconderem-se das críticas e a poderem disseminar a mensagem à semelhança do seu carácter, impuseram a sua «democracia», ocultando tacitamente o conteúdo a todos os que o pudessem criticar, nomeadamente a militantes do partido que covardemente atacam. Pior do que ter um mau caráter, é não ter coragem para o assumir. O presidente desta concelhia é Júlio Santos, recentemente nomeado para diretor do Centro de Competências para a Economia Social. Se as diretrizes deste centro forem as mesmas da concelhia, augura-se um futuro promissor no campo da conduta. A Guarda foi notícia, foi vergonha nacional e Júlio Santos deve um pedido de desculpas público a todos os Guardenses, que, já sabemos, não o irá dar. A honestidade intelectual não é transversal a todos.

Também nos chegaram notícias de que Álvaro Amaro não queria ser candidato pelo PSD. Quando uma resposta surge sem pergunta prévia é de estranhar, até porque – sabe-se por múltiplas fontes contactadas – este senhor queria (e muito) avançar com uma candidatura. Este anúncio contrário aparece, assim, como uma tentativa de antecipação à verdadeira notícia da qual quis fugir: «Montenegro exclui candidatos acusados pela Justiça». Álvaro Amaro, tal como Rui Ventura, ficam assim de fora da corrida autárquica, porque têm o nome manchado. Mais uma vez, percebemos a tentativa de se ludibriar os Guardenses com aquilo que se diz. É falso que Álvaro Amaro não quer ser candidato, a verdade é que o líder do PSD não deixa – e bem – que Álvaro Amaro ou Rui Ventura possam ser candidatos, uma vez que têm problemas com a Justiça.

Há pessoas que dependem exclusivamente da política e essas são as que pior poderão servir as populações. Encarar a política como uma profissão é um princípio errado e corroído. A aposta na formação deveria ser requisito essencial para quem deseja integrar a vida política, só assim se acrescenta, dando o que se tem. Estar na política com o desejo de ter é não acrescentar e só diminuir – os dinheiros públicos inclusive.

Noticia-se que «Rui Ventura será o novo presidente do Turismo do Centro de Portugal», num órgão que vai a eleições (!) a 27 de março. Admirável mundo este, onde se definem presidentes antes das eleições. Qual é, então, a necessidade de as realizar? Ou será isto futurologia? Se Luís Montenegro fosse coerente com os seus princípios, poderia a mesma pessoa que não serve para candidato a presidente de câmara, por estar a braços com a Justiça, servir para presidir uma das mais importantes instituições da região centro? Para além do mais, Rui Ventura não apostou na sua formação académica e por isso não tem habilitações formais para a exigência de um cargo destes. Não é admissível a dualidade de critérios entre a vida pública e a vida política. Se a qualquer cidadão é exigida formação académica comprovada para aceder a determinados lugares públicos, o mesmo se deve aplicar a qualquer político, só assim as instituições poderão funcionar devidamente.

A política não deve ser chá de caridade e nós, cidadãos, devemos estar atentos e ser exigentes.

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Diana Santos

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