A incidência de cancro de pele está a aumentar a nível global e é importante termos disponíveis ferramentas para nos auxiliarem na sua deteção precoce.
Muito ouvimos falar sobre a necessidade de observarmos a pele e vigiarmos os “sinais”. Mas como podemos fazê-lo de forma mais precisa?
No exame direto da pele é possível identificar diversos tipos de lesões, mas, por vezes, o diagnóstico poderá ser difícil se dependermos unicamente dessa observação, limitada pelas características do olho humano e das propriedades óticas da pele.
Neste sentido a dermatoscopia, uma técnica diagnóstica não invasiva que aumenta a precisão na distinção das lesões cutâneas, assume grande relevância e constitui-se como um complemento fundamental da consulta de Dermatologia.
Para o exame dermatoscópico podem ser usados desde sistemas ópticos simples (dermatoscópio manual) a equipamentos digitais sofisticados (dermatoscopia digital), que proporcionam ampliações desde 10 a 400 vezes, superando a distorção causada pela reflexão e refração da luz, contribuindo para a visualização das estruturas normais e patológicas não visíveis a olho nu, aumentando a acuidade diagnóstica.
A dermatoscopia digital permite a obtenção e arquivo das imagens macroscópicas e dermatoscópicas das lesões pigmentadas ajudando na sua monitorização. Possibilita a transmissão eletrónica em rede das imagens.
Através deste equipamento podemos recorrer a mapas corporais onde são obtidas imagens seriadas de diferentes partes do nosso corpo e onde podemos observar as lesões existentes e a sua evolução ao longo do tempo. Permite identificar lesões novas, não existentes em observações anteriores e que requerem maior controlo nas consultas de seguimento.
No caso de doentes com múltiplos nevos (“sinais”) com características morfológicas de atipia (lesões heterogéneas, irregulares, com diâmetro superior a 5 mm), a dermatoscopia digital permite identificar alteração dos nevos, o que não seria possível a olho nu. Permite aferir se há estabilidade das lesões ou se estão a sofrer modificações no que diz respeito à forma, cor ou tamanho. É um auxílio à observação clínica, no que respeita à decisão de manter vigilância ou optar pela excisão da lesão.
Em suma, com a dermatoscopia digital tornou-se mais fácil a identificação de lesões em risco de se transformarem em melanoma e a deteção de melanoma em estados iniciais permitindo, dessa forma, o diagnóstico mais precoce e consequentemente uma maior probabilidade de cura.
Vigie a sua pele com regularidade!
* Dermatologista no Hospital CUF Viseu