Assisti ao debate no canal 3 dos cabeças de lista à Câmara da Guarda e tenho visto por todos os lados os cartazes onde aparecem as suas fotografias. Passei também pelas páginas dos candidatos na Internet e no Facebook, tudo como faria qualquer eleitor responsável antes de decidir a quem entregar o seu voto.
Começo pelos cartazes. Fracos. O do Chega, então, é horroroso. O símbolo do partido, à primeira vista, parece um bacalhau com um carimbo em cima. Ao segundo olhar percebe-se que afinal o bacalhau é um mapa de Portugal continental, mas a mensagem não é clara. Será “Chega de Portugal?”. Mistério. Os outros, com mais ou menos Photoshop, vão cumprindo o objetivo de fugir às coleções de tesourinhos deprimentes das autárquicas, mas só isso. As mensagens não são claras, também. Muitos incluem a palavra “Guarda” na mensagem, ao ponto de nenhuma delas ficar no ouvido, e outros mencionam as especiais qualidades do candidato, ou do partido. Uns mostram meninas com bom ar, outros não. Em suma, não é pelos cartazes que qualquer um dos candidatos deve ter a ilusão de conquistar votos.
O debate no canal 3 da RTP poderia ser mais esclarecedor mas, pela curta duração ou porque ninguém se esforçou muito, não foi. Os candidatos estavam todos muito preocupados com a situação do Hospital Sousa Martins, ao ponto de motivar o candidato do Chega a fazer greve da fome (chega de bacalhau por uns dias!). Esta ideia vai um bocado na linha dos outros, de que nada de especial pode ser feito pela Câmara para resolver o problema da falta de médicos e enfermeiros, a não ser fazer uns pedidos em Lisboa (Luís Couto), ou lutar por aumentar salários (Honorato Robalo). É verdade que os pedidos em Lisboa nunca funcionaram muito bem, como se sabe desde os tempos de Joaquim Valente, e que os aumentos salariais, receita habitual do PCP para todos os problemas, têm obstáculos técnicos e financeiros. O Pedro Narciso ainda tentou levar a discussão para campos mais apropriados à ocasião, falando dos impostos excessivos que a Câmara cobra, do preço demasiado elevado da água, de uma gestão PSD baseada em festas e embelezamento de rotundas, mas ninguém parecia interessado em acompanhá-lo (embora tenha sido a propósito do contrato da Câmara com a Águas de Portugal que o candidato do Chega tivesse o seu melhor momento).
As propostas que apresentam na Internet não acrescentam muito ao que temos a esperar de cada um. São, em geral, vagas e poderiam aplicar-se a qualquer um dos outros 307 concelhos do continente: “mais Emprego, melhor Economia, Educação de excelência”; um projeto autárquico sob o lema de trabalho, honestidade e competência; diminuição dos tempos de espera para consultas e cirurgia, boas infraestruturas, valorização do património. No caso do PSD, no poder, a palavra de ordem preferida de norte a sul pelos incumbentes: “É preciso manter o rumo!”.
Tudo visto, não é claro para mim que o rumo seja de manter e não é óbvia a direção em que iríamos se o leme mudasse de mãos.
Debates, cartazes e propostas
“Chega de Portugal?”. Mistério. Os outros, com mais ou menos Photoshop, vão cumprindo o objetivo de fugir às coleções de tesourinhos deprimentes das autárquicas, mas só isso.”