Já muito se disse e escreveu acerca da durabilidade dessa máquina complexa com peças várias e de vária proveniência chamada geringonça. Pois bem, diz o povo que há sempre uma primeira vez para tudo.
Quando Cafôfo, na sua aventura aritmética, juntou verdes, vermelhos, azuis e, alguns de cor indefinida, percebeu-se que a reviravolta, dia menos dia, iria acontecer. E pela primeira vez, na história da democracia, o Funchal teve o primeiro presidente socialista.
E pela primeira vez, no continente, quem ganhou não governou e quem perdeu foi primeiro-ministro. Pela primeira vez a esquerda juntou-se e, para quem não dava meio ano de durabilidade à maquineta, o timoneiro meteu o combustível necessário e suficiente para chegar ao almejado porto, percebendo-se que a partir da dita experiência, a política, em Portugal, jamais será a mesma e pela primeira vez as eleições do próximo ano serão um mar de tranquilidade cumprindo assim o calendário que a Constituição impõe, salvo se a chama revolucionária francesa chegar até cá.
Em meados de 2019 teremos as eleições europeias. Já todos sabemos quem são os cabeça de lista do CDS, Bloco, Aliança, adivinhando-se que o laranjal manterá o “douto” Rangel, o PC, João Ferreira, e o PS – que nem por sombras quererá entrar em guerras internas – proporá pacificamente Francisco Assis. Os da rosa ganharão folgadamente as eleições europeias, faltando apenas saber se vão ter mais dois ou três deputados, passando assim para uns confortáveis dez, ou na aposta na maioria de 11, numa leitura perfeitamente previsível para o que vem a seguir. Como diria Sherlock Holmes, «elementar, meu caro Watson».
Nas legislativas, com Centeno com a dívida já paga, a não investir, a gerir o dinheirinho de todas as cativações, a tapar a cabeça e destapar os pés e vice-versa, nesse discurso rebuscado do estar tudo bem, quando todos sabemos que assim não é, e, se o rebuçadito eleitoral resultar, com uma oposição em fanicos, o PS ganhará facilmente as eleições com maioria ou perto dela, faltando apenas saber se neste último caso a coisa virará à direita com a aliança de Santana ou manter-se-á a dificuldade de se livrar da esquerda delas.
É, contudo, nas eleições insulares que reside alguma incerteza e se o PS de Vasco Cordeiro, nos Açores, soma e segue, já na pérola do Atlântico, o PSD sentirá algumas dificuldades, pois também aqui a geringonça pode muito bem funcionar e Cafôfo poderá destronar finalmente e, pela primeira vez, o laranjal residual de Jardim e o PSD de Albuquerque, sendo que é apenas na Madeira que haverá alguma “pica” eleitoral.
Neste cozinhado eleitoral servido agora em papelote, onde se registarão todas as promessas desse escaparate político, falta ainda ver se o vox populista do recém-chegado André Ventura não aparecerá fazendo ligeiro estrago.
2019 será assim um ano eleitoral marcado por verdadeira tranquilidade democrática, onde o cozido pré-preparado é apenas aquecido no micro-ondas, nessa contenda deveras interessante, à direita, onde a líder tudo fará para roubar 3 ou 4% a Rio e, com o apoio dos conservadores comunistas, onde abundam inúmeros pontos de vista convergentes, com a toda a sorte do mundo e aquele brilhozinho nos olhos, Cristas ainda mantém viva a sua Assunção a primeira-ministra. A ver vamos…