Convid Ibérico

Escrito por Pedro Narciso

«Não fosse o local escolhido para a conferência de imprensa conjunta dos chefes de Governo o parque de estacionamento com melhor e mais caro piso da península, e até Pedro Sánchez se teria apercebido da falta de comparência de alguns dos eleitos municipais(…)»

Tivesse António Costa lido “1984” duas semanas antes e é possível que a Cimeira Ibérica se tivesse cingido à mensagem de obrigatoriedade da instalação da App “No_te_acerques_de_la_frontera_gilipollas”. Uma App utilizada há séculos e imortalizada em forma de gárgula na Sé Catedral, com uma parte do corpo apontada a Espanha, apelando ao distanciamento social.
Foi bom verificar que a fama da cidade da Guarda, como local de excelência para o tratamento de doenças do foro respiratório, não se perdeu no tempo. Mesmo com os pavilhões classificados do antigo Sanatório em ruínas, Pedro Sánchez não teve dúvidas, isolou a capital em ebulição pandémica e !Hala de Madrid! para a mais alta. Fez bem, porque Madrid e Covid rimam e “te matan”!
Sempre alta, distante e tão escondida do poder central, eclipsou-se literalmente do radar de possibilidades de aterragem da comitiva espanhola. E, apesar do atraso, em boa hora. Ficámos todos com a certeza da pertinência dos milhares de euros investidos no piso de um novo e belo heliporto em Vila Cortês do Mondego, com condições ótimas para receber as mais altas individualidades mundiais a poucos quilómetros da cidade. Depois da TAP, a melhor aposta na aeronáutica nacional.
Após anos “estacionado” na Alameda de Santo André, um carro abandonado que se encontrava a um SIAC e menos uma roda de se confundir com uma peça do Campus Internacional de Arte Contemporânea, foi hábil e finalmente trocado pelo cumprimento da ata do Congresso de Viena e consequente devolução de Olivença. Mas, ferro velho por ferro velho, deveria ter sido tentado o desmantelamento de Almaraz. Não sei se Pablo Iglesias estava em convívio junto dos ativistas e se Pedro Nuno Santos já não se interessa por bombas atómicas, mas “Juntos Podíamos” impedir um Chernobyl à portuguesa.
Sabendo de antemão que a bazuca não tem um alcance que permita pensar o desenvolvimento dos territórios do interior, havia questões que requeriam um compromisso sério. No entanto, nem o oleoduto de combustível Fuentes-Guarda, com impostos espanhóis, nem a discussão do estatuto de visitante de danceterias transfronteiriço, nem o alargamento do serviço da App “Stay away Covid” à Hepatite A e B, sífilis, Gonorreia, SIDA e gripe espanhola ou a simples colocação de uma simples placa Stay Away from Fuentes foram discutidas. E quando os problemas reais não são debatidos, acredito na terceira promessa de concretização do Centro Nacional de Prevenção Rodoviária e da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR quando vir as obras de requalificação do Pavilhão 5 e do Hotel Turismo consignadas, assinadas e terminadas.
Não fosse o local escolhido para a conferência de imprensa conjunta dos chefes de Governo o parque de estacionamento com melhor e mais caro piso da península, e até Pedro Sánchez se teria apercebido da falta de comparência de alguns dos eleitos municipais e que as telas na Praça Velha já não conseguem disfarçar a galopante degradação dos imóveis do centro histórico. A obrigatoriedade da máscara ao ar livre já virá tarde para aqueles que tiveram de passar pela base da estátua de D. Sancho I, mas se a comitiva espanhola tivesse subido no elevador da Torre dos Ferreiros teriam exclamado em uníssono um “De Pu## madre”, estes portugueses conseguem esturrar dinheiro ao mesmo tempo que desvirtuam o património como ninguém!

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Pedro Narciso

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