O pó ainda não assentou e já o paradigma passa a ser outro. Não é que o azul se dê com o amarelo, o vermelho com o verde ou o rosa com o laranja. Nada disso.
Se na tal imperfeição humana, por conveniência ou mera divergência de pensamento, chegamos facilmente à ofensa fazendo questão de evitar o contacto pessoal, na única perspetiva, muito portuguesa, que refere que as atitudes ficam com quem as pratica, entende-se que na autocrítica os outros só existem desde que se subordinem ao nosso padrão de pensamento e atuação.
A herança cultural é aquela que nos aproxima ou afasta, criando polos gravitacionais, extremamente interessantes, percebendo, em definitivo, quem somos, de onde vimos para onde queremos ir, acenando com alguma curiosidade para tudo o que nos rodeia.
E aí sim. Somos capazes de fazer política com algum jeito. Caso contrário marcamos passo no presente, apostamos atabalhoadamente no futuro e sem recurso a assombros extraordinários, nada de importante e estrutural irá acontecer pois tudo isso é tático, avulso, pontual, conjuntural e, a ficção do propagado sistema não trará deslumbramentos sebastiânicos nem soluções miríficas, das tais crises permanentes e eternas do pensamento, da economia, das finanças, nem dos pesadelos políticos onde os fatalistas, deterministas e mentideiros se preparam para falar do descontentamento, alimentando o sentimento de um populismo de meias verdades e meias mentiras.
E, quer se queira quer não, tudo o resto é fantasia neste ciclo que encerra hoje dando lugar ao do amanhã, que, pelos vistos, pode vir a ter outros protagonistas.
Nesta agitação de que é feita a vida democrática, os partidos políticos depois de analisarem os recentes resultados (por cá nem se deram ao luxo de fazer porra alguma, agarrados que estão ao lugarzito) é tempo de partir para outra. E, se nos rosáceos o sucessor de António parece ser Costa, já prós lados do laranjal os passistas sem passos marcam passo e também algum compasso, tentam recuperar o poder, optando por utilizar um bolorento palavreado aproveitando o dinamismo simplório de quem, anos a fio, tem chupado as mamas da tal porquinha onde tantos recos mamam alternadamente, naquele perfeito déjà-vu.
E se a política, tal como a água, se pode moldar em estado líquido, percebe-se que no sólido isso é muito difícil pois consistência é coisa praticamente inexistente, enquanto a volatilidade do terceiro estado se assemelha ao gás de uma simples gasosa, com oportunismo q.b. encaixando que nem ginjas num pirolito fabricado pelas saudosas marcas beirãs Couto, Sepol e Cristalina…
No meio disto tudo há quem pense ter aquele jeitinho especial adicionando cálculos, calculismos, calculadoras, numa mise en scéne de aprendizes de sapateiros remendões, patetas e chico-espertos.
Curioso é mesmo verificar que tanto uns como outros existem e têm forçosamente de coabitar. Virtualidades da democracia, diremos nós, para por fim concluirmos: Uns têm êxito, outros não. São coisas da vida…
Com e sem jeito e… gente (mais ou menos) jeitosa
“Nesta agitação de que é feita a vida democrática, os partidos políticos depois de analisarem os recentes resultados (por cá nem se deram ao luxo de fazer porra alguma, agarrados que estão ao lugarzito) é tempo de partir para outra.”