Carta aberta / apelo

Escrito por Jornal O INTERIOR

Vivemos numa sociedade na qual, felizmente, damos valor às pessoas, preocupamo-nos com os seus direitos, do nascimento até à morte.
Temos uma Segurança Social, um Serviço Nacional de Saúde, uma Escola Pública inclusiva.
Vivemos em contexto de pandemia provocada pela Covid-19, com momentos dramáticos, acreditamos já ultrapassados no nosso país. As vacinas (palavra tão utilizada, quase mágica) vieram e dão-nos a(alguma) segurança para desconfinar (outra palavra tão utilizada, quase mágica).
Agora, as pessoas saem à rua, vão às compras, vão ao café, vão ao restaurante, à praia, ao parque, os alunos voltam ao ensino em ambiente escolar… Mas, nesta sociedade que, felizmente, dá valor às pessoas e aos seus direitos, há um grupo esquecido, “trancado”, “aprisionado” que continua a não poder sair à rua… nem sequer dar um beijo e um abraço aos entes queridos e/ou amigos: os nossos idosos que vivem em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), os chamados Lares.
Os nossos idosos estão vacinados, o país “desconfinou”, mas eles continuam “fechados”! A questão é: porque razão só se preza o seu corpo, qual invólucro? E as emoções, os sentimentos, a saúde mental? Não contam?
A definição de saúde mental para a Organização Mundial de Saúde (OMS) é «perfeito bem-estar físico, mental e social da pessoa», porém, para os idosos não se está a aplicar, porquê? Respondem que há perigo, são pessoas mais vulneráveis… Perigo haverá sempre e não só por causa da Covid-19.
Então, nunca se dará permissão de saída aos nossos idosos que vivem em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, os chamados Lares? Nunca mais terão oportunidade de voltar a estar com os seus filhos/ familiares nas suas casas ou passear com eles? Nunca mais os poderão abraçar ou beijar?
Está-se à procura do momento ideal? Esse momento não existe! Haja realismo e compreensão!
Os nossos idosos merecem, são pessoas como nós!

Uma filha angustiada

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Jornal O INTERIOR

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