Carta aberta à Câmara de Manteigas

Exmºs Senhores
Assembleia Municipal de Manteigas, Câmara Municipal de Manteigas, Assembleia de Freguesia de São Pedro – Manteigas, Junta de Freguesia de São Pedro – Manteigas, Assembleia de Compartes dos Baldios de São Pedro

A revista ”COVILHÔ, nº 2, de Março de 2021, propriedade do Município da Covilhã, noticiou na página 6 a construção de 5 miradouros, dois deles, o “Miradouro da Nave de Santo António” e o “Miradouro do Covão”, que estão localizados no território de Manteigas.
Mal li a notícia, escrevi nas redes sociais, chamando a atenção para o facto de se pretender que os dois miradouros sejam construídos em território do nosso concelho. Fi-lo na expectativa de que por parte do Município de Manteigas houvesse uma iniciativa que evitasse o desconsolo, que agora irá ter de ser assumido noutras circunstâncias. Julgava ser benéfico que ambas as presidências, naquele momento, fossem do mesmo partido político. Mas enganei-me, pois parece ninguém ter ligado ao assunto, como aliás pude constatar ao longo de décadas, nomeadamente no que diz respeito à questão dos limites, nesta área do Município de Manteigas, apesar dos alertas.
O miradouro da “Nave de Santo António”, chamado assim na altura da promoção, passou a ter uma nova designação e a Câmara Municipal da Covilhã já o baptizou de “Miradouro dos Piornos”! Acontece que nem uma nem outra menção estão correctas, considerando o local onde foi implantado
– o Cabeço Cascalvo, divisória dos concelhos de Manteigas e Covilhã. Se o mesmo fosse edificado do lado da Covilhã, teria como paisagem os clandestinos das Penhas da Saúde em vez das magníficas paisagens com que o publicitam.
Desconheço se o anunciado miradouro do Covão (curiosamente, o nome do Covão não é revelado, o que é significativo, numa serra com tanto covão!) já está construído ou se as respectivas obras já foram iniciadas, mas a sua localização estava também assinalada no concelho de Manteigas.
Acredito que não existe, por parte do Município da Covilhã, até pelo que conheço do seu presidente, qualquer tentativa de apropriação do território e que a iniciativa se deverá à ignorância sobre as delimitações de cada Município. Posto isto, considero a construção destes miradouros em áreas do nosso concelho, por iniciativa de outro Município, uma questão grave que deveria ter sido resolvida atempadamente mas que, infelizmente, não foi. Na verdade, de nada vale apoiarem-se nos limites descritos nos Planos de Director Municipais de ambos os Municípios porque existe um Decreto- Lei a defini-los e que foi pura e simplesmente menosprezado, por ignorância, penso, como atrás referi. De facto, nem poderia ser de outro modo, pois os limites não se podiam definir por uma estrada que ainda não existia na altura em que o Decreto-Lei foi estipulado, no início do século passado.
Na mesma linha de pensamento, para sustentar o que foi referido acima, está o facto de a Câmara Municipal da Covilhã ter pedido autorização ao Conselho Directivo dos Baldios de São Pedro, Manteigas, para lá instalar o miradouro, de acordo com declarações públicas de um trabalhador pertencente aos Baldios.

José Maria Saraiva, Manteigas

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José Maria Saraiva

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