Campanha eleitoral

Escrito por António Ferreira

«Disse e repito que obras em ano autárquico causam-me mais irritação do que vontade de votar em quem as faz»

A campanha eleitoral para as autarquias locais começou. Para quem está no poder, começou há quatro anos. Quem corre atrás do prejuízo deveria estar já em campanha também. O juízo sobre o trabalho do mandato que termina agora foi sendo feito pelos eleitores, mas ainda não é possível antecipar muito sobre quem pretende substituir, na Guarda, o atual presidente de Câmara.
Que a campanha começou prova-se pelas quantidades de obra e anúncios feitos semana a semana por Carlos Chaves Monteiro, que irá surgir como incumbente. Os Passadiços do Mondego, as melhorias em várias artérias, a candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura em 2027, com a apresentação de uma concorrida comissão de honra, mostram que Carlos Monteiro leva muito a sério a sua candidatura.
Disse e repito que obras em ano autárquico causam-me mais irritação do que vontade de votar em quem as faz. Todas essas obras trazem consigo uma simples promessa de vantagens futuras a troco de inconvenientes imediatos. Muitas vezes não se justificam, outras vezes são feitas em lugar de outras que seriam necessárias, e quase sempre menorizam os eleitores, tratando-os como se acreditassem que um rebuçado de última hora compensa os amargos de todo um mandato.
Quanto à candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura, gostaria de saber o que pensam sobre ela o PS e o seu putativo e silencioso candidato: é meritória ou é um desperdício de tempo e dinheiro? Se é meritória, qual acham dever ser a razão de a Guarda ganhar nessa corrida a Coimbra, Évora ou Aveiro? Se ganharmos, como acham dever ser a programação, quais as salas de espetáculo ou os espaços onde devem decorrer os eventos, quais devem ser construídos ou reaproveitados e que destino irão ter depois de tudo acabar? Há ou não unidades hoteleiras suficientes na região? As perguntas são muitas e merecem todas resposta, do incumbente e dos candidatos (e dos muitos membros da legião, perdão, comissão, de honra).
Do PS, até agora, nem um gemido sobre como pretende ganhar as eleições a Carlos Monteiro. Sabe-se que as Câmaras não se ganham, perdem-se, e enquanto Carlos Monteiro parece estar a fazer tudo o que pode para não perder não se percebe o que tem o PS na manga para ganhar. Uma campanha negra a capitalizar sobre os escândalos judiciais e a menorizar a obra feita? Promessas irresistíveis? Ou espera que a divisão do eleitorado do PSD que a candidatura de Sérgio Costa proporciona lhe faça cair a Câmara no colo, mesmo que sem mérito nenhum?

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António Ferreira

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