O regime monárquico acabou em 1910. Mas as oligarquias sucedem-se, consoante a natureza do poder do momento. Aos aristocratas e membros da alta finança, sucederam os chefes de facção da pequena burguesia de Lisboa e Porto, na I República. Depois vieram as elites próprias de um regime ditatorial. Com a instauração da democracia, em Novembro de 1975, formou-se outro tipo de oligarquias, ligadas ao Bloco Central, à Maçonaria, à Banca e às grandes sociedades de advogados. A passagem do PS pelo poder tem uma particularidade. Notada sobretudo nesta legislatura. O recrutamento para os cargos públicos de cariz político faz-se em torno de um número reduzido de famílias, que integram o círculo de confiança pessoal do caudilho. E como o país é pequenino, e o bolo a repartir também, facilmente se destapa a panela da promiscuidade e do nepotismo.
2. A jornalista Fernanda Câncio indignou-se no Twitter porque uma apresentadora televisiva se despediu desejando “até segunda-feira, se deus quiser”, perguntando se aquilo era “a TV da paróquia”. O episódio foi depois debatido ad nauseum nas redes sociais. Câncio revela aqui, isso sim, uma paroquial intolerância. Este gérmen não é uma invenção retórica, para assustar os incautos. Nem tem nada a ver com o estilo provocatório das vanguardas artísticas que forçaram a modernidade. Trata-se de um tique fascista propio sensu. É que o fascismo real não está nas encenações bélicas, nas paradas militarizadas, nos soundbites inconsequentes, no discurso que apela aos temas abandonados pelo centro político (segurança, emigração, auto preservação), nas facécias inócuas, embora merecedoras de vigilância, desta ou daquela organização. O fascismo a que devemos estar atentos é aquele que provem dos seus pretensos opositores. Porque esse tem curso livre. Faz parte de um programa metódico, promovido pela esquerda radical. Está aí! Espalhado por lobos com pele de cordeiro…
3. Rui Rio acusou o Governo de ter apresentado um OGE eleitoralista. Sabia que, algum dia, haveria de estar de acordo com o líder do PSD. No entanto, acredito que a declaração de Rio só serviu para encher chouriço. A um ano das eleições, qual o Governo que não quer aparecer nas vestes de Pai Natal? Um líder da oposição fazendo-se de virgem ofendida só convence os incautos. O que Rio deveria ter feito era aproveitar a ocasião para pôr a nu a estratégia de navegação à vista da geringonça. Denunciar a falta de ambição reformista. O principal instrumento de políticas públicas travando o crescimento económico. Dizer que o OGE é o esperado “poltlach” eleitoral, mas desmontando a campanha permanente de Costa, que já dura há três anos. A receita é conhecida: satisfazer os grupos eleitoralmente interessantes, manter rendas elevadas ao sector produtivo, reforçar a taxação sobre o património, e dar alguns rebuçados com alcance transversal, à pesca da maioria absoluta.
4. Manual de instruções para emergências: 1. Tropeçar em “slow motion” e cair abruptamente. Ler umas frases de auto-ajuda sobre cair e levantar. Inspirar três vezes. Levantar cabeça. Erguer. De cabeça erguida, cair lentamente. Recomeçar.
2. Recitar frases de auto-ajuda. Cair sem tropeçar. Levantar sem inspirar. Saltar e quase cair. Repetir três vezes. 3. Tomar balanço. Cair devagar, enquanto se murmura a melhor frase de auto-ajuda. Erguer repentinamente. Tornar a cair. Abrir a tampa da sarjeta. Inspirar. Recomeçar.