A Bronquiolite Aguda é desencadeada por uma infeção vírica, sendo o vírus sincicial respiratório (VSR) responsável pela maioria dos casos. É uma doença frequente na qual ocorre inflamação dos bronquíolos, que são as ramificações terminais dos brônquios, que transportam o ar até aos alvéolos pulmonares, onde ocorrem as trocas gasosas.
Ocorre nos primeiros dois anos de vida, afetando tipicamente bebés até ao primeiro ano e é muito comum no Inverno, com um pico de incidência entre janeiro e fevereiro. Não é uma doença grave, mas em bebés de risco, como prematuros, com baixo peso ao nascer e crianças com doenças crónicas, pode tornar-se mais complicada.
Inicia-se com sintomas como aumento das secreções e obstrução nasais e, após dois a três dias, surge a tosse, que pode estar associada a pieira (género de “assobio” audível com a respiração) e dificuldade em respirar. Existem também dificuldades na alimentação e a febre pode ou não estar presente.
O diagnóstico é realizado com base nos sintomas e na auscultação pulmonar, não sendo necessário o recurso a análises, radiografia pulmonar ou outros exames. A criança deve ser observada por um médico se tiver menos de 6 semanas de idade ou se for portadora de doença crónica e na presença de:
Sinais de dificuldade respiratória: “covinhas”/ retração da pele entre as costelas, respiração acelerada, asas do nariz a abrir e fechar, gemido e pausas respiratórias (apneia);
Cianose (coloração azulada dos lóbulos das orelhas, lábios ou extremidades);
Ingestão alimentar < 50% do habitual;
Diminuição do número de fraldas molhadas diárias;
Sonolência ou irritabilidade excessivas;
Febre persistente com fraca cedência aos antipiréticos.
O tratamento da bronquiolite aguda baseia-se em:
Lavagem nasal com soro fisiológico, com eventual aspiração de secreções, particularmente antes das refeições e de dormir;
Fracionamento das refeições;
Elevação da cabeceira da cama;
Controlo da febre com antipiréticos.
Apesar de controverso, a partir dos 6 meses, pode ser lícito testar a administração de um broncodilatador, através de nebulização ou de câmara expansora, e no caso de se verificar melhoria, instituir esta terapêutica. Contudo, o único tratamento cuja eficácia está cientificamente comprovada é a oxigenoterapia, quando os níveis de oxigénio se encontram reduzidos. Sendo a bronquiolite aguda uma infeção vírica não precisa tratamento antibiótico, exceto nos casos (pouco frequentes) em que existe uma complicação bacteriana associada (como otite ou pneumonia). Os xaropes para a tosse não estão recomendados.
A maioria das situações podem ser tratadas em casa. Em alguns casos pode haver necessidade de internamento, para administração de oxigénio e fluídos por via endovenosa, nomeadamente:
Níveis baixos de oxigénio no sangue;
Dificuldade respiratória marcada;
Dificuldades significativas na alimentação;
Idade < 3 meses (a ponderar caso a caso);
– Ansiedade dos pais ou incapacidade de dar tratamento adequado à criança.
A maioria dos casos de bronquiolite tem um curso benigno e autolimitado, sendo expectável a melhoria após o sexto a sétimo dia de doença. Os sintomas respiratórios, como a tosse, podem persistir habitualmente até às três semanas.
As medidas preventivas para ocorrência de bronquiolite incluem: lavagem frequente das mãos, evicção da exposição ao fumo do tabaco e do contacto com pessoas doentes e o aleitamento materno.
* Médica Interna de Formação Específica em Pediatria do serviço de Pediatria do Hospital Sousa Martins – ULS Guarda