Bolsonaro

Escrito por Diogo Cabrita

A vitória de Bolsonaro com mais de 42 milhões e votos na primeira volta deixa perceber que vamos ter um Brasil dividido ao meio em finais de outubro. A prática de “fake news” ou de “pós-verdades” veio incendiar toda a eleição e ela é comandada nos comités centrais dos partidos e incendeia jornais, comentários e redes sociais. Descontextualiza-se o tempo, a referência, o que foi dito, o enquadramento e temos candidatos em vídeos mínimos de que se retiram conclusões máximas. O Brasil vai desde o filho de ator porno que desanca o pai eleito deputado ao Tiririca (eleito para terceiro mandato), à inacreditável campanha “petista” carregando t-shirts de Lula preso, à facada em Bolsonaro demasiado ridicularizada e apoucada nos media, até à campanha falhada de #elenão. A construção discursiva da nova política onde a cultura dos guetos e dos indivíduos quer igualdade com as maiorias, exigem o silêncio de imensos para garantir minorias, onde a exclusão de quantidades inclui poucos, vem do princípio da liberdade acima da própria redistribuição. Nas novas políticas da esquerda ocidental o mínimo constrói direitos totalitários e legisla de modo soberano sobre o contraditório vincando a ditadura do politicamente correto. Acontece que esta narrativa bate frontalmente com fé e com misticismo silencioso, cada dia mais envergonhados, como se fosse um crime acreditar em Deus, defender os valores da família, sobrelevar a opinião contra o aborto, manter tradições de vestuário e outras, ter dúvidas sobre “garantias científicas”, querer segurança, não gostar de quem não se lava, de comportamentos e linguagens carroceiras em lugares públicos ou em casa. Bolsonaro cavalga esta massa silenciosa que, em Portugal, não vota porque não surgiu alguém mais credível para o fazer, apesar de José Manuel Coelho, da Madeira, já ter chegado aos 200 mil votos para a Presidência em 2010. O silêncio é a arma dos que têm medo, dos que sofrem calados para não se incomodarem com as vozearias e os ataques de alguma esquerda que raramente teve mais votos que José Manuel Coelho mas abafa-o em impropérios. Bolsonaro é a consequência de um estado inenarrável com sete mortos violentos por hora só no Rio de Janeiro, dos insultos ao juiz Sérgio Moro, que o povo parece apreciar, a ineficiência de uma justiça que demorou a prender os responsáveis do “Lava Jato”, o cansaço de Temer e a suspeição sobre os líderes. Bolsonaro nasce nessa sementeira onde se mistura religião, misticismo, moralidade e medo que é uma sopa poderosa aquecida por terroristas, excessos esquerdistas e insultos fáceis. Acordem porque o nosso está para aparecer.

Por: Diogo Cabrita

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