Boca seca

Escrito por Tânia Ferreira

“A causa mais comum é a toma de certos medicamentos, existindo centenas quer prescritos, quer de venda livre, que podem causar este sintoma.”

A sensação de boca seca, também chamada de xerostomia, é uma queixa muito frequente sobretudo entre a população mais idosa. É causada por uma diminuição ou ausência de produção de saliva, podendo ter diversas repercussões importantes tais como desconforto, dificuldades na deglutição e fala, dificuldades da higiene oral com surgimento de cáries, incapacidade de utilizar próteses dentárias e mau hálito.
A causa mais comum é a toma de certos medicamentos, existindo centenas quer prescritos, quer de venda livre, que podem causar este sintoma. Outras causas comuns são a desidratação, respiração bucal, hábitos tabágicos e radioterapia. Nas causas menos comuns incluem-se patologias gerais como a síndrome de Sjögren, podendo também ocorrer na diabetes e infeção por VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana).
Este sintoma nem sempre exige avaliação médica imediata, mas é importante reconhecer sinais de alerta que devem motivar avaliação prontamente, tais como cárie dentária extensa, olhos e pele secos, dores nas articulações ou existência de fatores de risco para infeção por VIH.
Na avaliação médica é importante o historial de sintomas e medicação realizada pelo doente. Realiza-se exame físico centrado na boca, estimando o grau de secura e presença de cáries, fungos ou lesões. Esta avaliação sugere geralmente a causa, no entanto pode ser necessária a realização de um exame de sialometria para avaliar o funcionamento das glândulas salivares. Se não for possível determinar a causa, poderá ainda ser ponderada a sua biópsia (colheita de tecido para análise) para deteção de outras doenças.
O tratamento sintomático consiste em medidas como beber líquidos com frequência, mastigar pastilhas sem açúcar e substituição artificial de saliva. Hidratar os lábios e mucosas sob dentaduras pode aliviar a secura e o uso de humidificadores de ar pode ajudar os respiradores bucais. Deve evitar-se ingestão de alimentos demasiado quentes ou frios, açucarados, ácidos e picantes. Quando a causa se relaciona com uso de medicamentos o tratamento passa, quando possível, pela sua cessação. Se não for possível é preferível que a sua toma seja realizada de manhã pelo maior risco de cárie no período noturno. Uma cuidada higiene oral com escovagem, uso diário de elixir com flúor e a consulta regular do médico dentista é essencial pelo elevado risco de cárie.

* Médica interna de Medicina Geral e Familiar na USF “A Ribeirinha”, tendo como orientadora a dra. Marina Ribeiro

N.R.: A rubrica “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da USF “A Ribeirinha”, da Unidade Local de Saúde da Guarda, e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda. O objetivo desta coluna mensal é capacitar a comunidade a fazer parte integrante do seu processo de saúde/doença, motivando-a para comportamentos de vida saudáveis e decisões adequadas. Para tal, serão escolhidos temas pertinentes que serão apresentados por ordem alfabética, daí a designação “ABC Médico”.

Sobre o autor

Tânia Ferreira

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